Desafio... Manoel Cavalcante & Damião Metamorfose.
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Eu vou abrir as cortinas
Do teatro do repente
Pra ver se o mundo assiste
Uma guerra diferente
De dois valentes poetas
Usando as armas da mente.
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Damião Metamorfose
*
Vamos plantar a semente
E regar com auto-estima
O dom será o adubo
A inspiração o clima
Cada estrofe é um fruto
Nesse canteiro de rima.
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M.C
Com a nossa matéria-prima
Tudo vamos fabricar
Vamos respirar poesia
Jogando versos no ar
Dando tabefe em estrofe
Pra métrica se ajeitar.
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D.M
Vamos juntos viajar
Nas paralelas de um trilho
Mostrar que a nossa cultura
Cada dia tem mais brilho
É anciã e é jovem
Pois passa de pai pra filho.
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M.C
Vamos vencer o empecilho
Cumprindo nosso papel
Desenhando o nosso mundo
Nas folhas desse cordel
Fazendo dele a escada
Pra nossa entrada no céu.
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D.M
Da poesia eu já sou réu
Mais não me sinto culpado
Não vou deixar de exercer
Esse dom que é sagrado
Nem preciso ser eleito
Para ser ovacionado.
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M.C
No nosso circo engraçado
Vamos ser um porta-voz,
Dar pirueta de rima
Cada qual a mais veloz
O público são os leitores
E os palhaços somos nós.
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D.M
Vamos juntos ver a foz
Que brota da nossa mente
Vencer qualquer obstáculo
Que passar em nossa frente
Letra a letra,frase a frase
E transforma-la em repente.
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M.C
Construa sua patente
Sem querer ser demagogo
Vá aquecendo seu time
Que vai começar o jogo
Risque o fósforo do repente
Que o cordel vai pegar fogo
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D,M
Para curar o seu gogo
E essa inhaca nojenta
Vou preparar uma sopa
De lixo, nafta e pimenta
Um lesado igual você
Bebe, pensando que é menta.
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M.C
Te dou leite de jumenta
Com doce de jerimum
Pescoço de cururu
Com um mocotó de Atum
Te dou lavagem de porco
Tu bebes sentindo-se um.
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D.M
Vou montar em seu tumtum
Se você não aguentar
Eu boto você de quatro
Assim tu vai suportar
Minhas esporas de fogo
Quando eu te cutucar.
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M.C
Tente me acompanhar
Mas não com rima mesquinha
Sua fama não tem perna
Pra ultrapassar a minha
Seu feijão podre não entra
Dentro da minha farinha.
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D.M
Sua carcaça fuinha
Não aguenta minha sova
Mesmo estudando você,
Não passa na minha prova
Seu cabedal é um feto
Infecundo e pé na cova.
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M.C
Na cantoria ou na trova
venço qualquer paradeiro
você está depois do último
e eu estou antes do primeiro
pois você como poeta
é um bom cabeleireiro.
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D.M
Poetas do seu celeiro
Fraco e sem experiência
Se me encontrar na rua
Pode bater continência
Me chamar de menestel
E ponto de referência.
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M.C
Suas rimas não tem essência
Seus versos não tem valor
Agora você já pode
Dizer que tem professor
Nunca apanhei de meu pai
Quanto mais de um cantador.
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D,M
Quando ouço um trovador
Quase pedindo clemência
Gastando o vocabulário
Demostrando essa demência
Só posso chamar de aluno
Ou fraco de inteligência.
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M.C
Eu já sou o rei da ciência
e venço até Salomão
no futebol sou Pelé
na guerra sou Napoleão
minha peixeira de rima
causa medo até a Lampião
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D.M
Quer ganhar de Damião?
Comece a estudar
Teoria do cordel
E aprenda a contar
Ao menos de um a sete
Pois, continua a errar.
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M.C
Como exemplo eu vou pegar
A estrofe que você fez
Que tem dois versos com cinco
Mais quatro versos com seis
Com uma palavra errada,
Sete erros de uma só vez.
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D.M
Se eu ficasse um mês
Escrevendo uma sextilha
Não errava uma vírgula
Era uma maravilha
Eu escrevo no teclado
Não é em uma planilha.
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M.C
Não queira fugir da trilha
Nem me levante suspeita
Numa fração de segundos
Vejo a métrica mal feita
Você está que nem menino
Que apanha,mas nunca aceita.
*
Continua em Septilhas...