O PRIMEIRO AVIÃO QUE POUSOU NO SABUGI
Trecho do Cordel:
Enquanto a população
Com medo descabelava
Seu Abel chegou correndo
E bem alto assim falava:
«Tenha calma, meu povão,
Aquilo é um avião!»
Mas ninguém acreditava.
Seu Ademar trabalhava
A agência do correio
Mas aí, quando ele viu
Que o negócio tava feio
Deixou sua obrigação
Levantou de supetão
E correu para o passeio.
O negócio foi tão feio
Que Seu Jovino escrivão
Bastante envergonhado
Com aquela situação
Num instante elaborou
Uma ata e registrou
Todo ato em certidão.
A nossa população
Ficou quase tudo louco
Zé Borracheiro gritava
Que chegou a ficar rouco
Deixou um pneu enchendo
E saiu doido correndo
Depois só ouviu o pipouco.
Foi mesmo o maior sufoco
Quando ocorreu esse fato
E por causa da presença
Desse avião ingrato
Que chegou tão de repente
Ainda hoje tem gente
Perdida no meio mato.
O padeiro Zé Donato
Ficou com tanta aflição
Foi para o meio da rua
Com uma assadeira de pão
E os pães que ficaram assando
Foram aos poucos sapecando
Que só ficou o carvão.
Nesse dia no sertão
O clima foi agitado
O povo esqueceu de tudo
E ficou desorientado;
No meio da correria
O cheiro que rescendia
Era o de feijão queimado.
O padre preocupado
Gritava na multidão:
«Gente, isso foi o DNOCS
Que mandou esse avião
Com alguém vindo pra cá
Pra poder verificar
Do açude a construção!»