O PRIMEIRO AVIÃO QUE POUSOU NO SABUGI

Trecho do Cordel:

Enquanto a população

Com medo descabelava

Seu Abel chegou correndo

E bem alto assim falava:

«Tenha calma, meu povão,

Aquilo é um avião!»

Mas ninguém acreditava.

Seu Ademar trabalhava

A agência do correio

Mas aí, quando ele viu

Que o negócio tava feio

Deixou sua obrigação

Levantou de supetão

E correu para o passeio.

O negócio foi tão feio

Que Seu Jovino escrivão

Bastante envergonhado

Com aquela situação

Num instante elaborou

Uma ata e registrou

Todo ato em certidão.

A nossa população

Ficou quase tudo louco

Zé Borracheiro gritava

Que chegou a ficar rouco

Deixou um pneu enchendo

E saiu doido correndo

Depois só ouviu o pipouco.

Foi mesmo o maior sufoco

Quando ocorreu esse fato

E por causa da presença

Desse avião ingrato

Que chegou tão de repente

Ainda hoje tem gente

Perdida no meio mato.

O padeiro Zé Donato

Ficou com tanta aflição

Foi para o meio da rua

Com uma assadeira de pão

E os pães que ficaram assando

Foram aos poucos sapecando

Que só ficou o carvão.

Nesse dia no sertão

O clima foi agitado

O povo esqueceu de tudo

E ficou desorientado;

No meio da correria

O cheiro que rescendia

Era o de feijão queimado.

O padre preocupado

Gritava na multidão:

«Gente, isso foi o DNOCS

Que mandou esse avião

Com alguém vindo pra cá

Pra poder verificar

Do açude a construção!»

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
Código do texto: T3493959
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