O BARÃO ORGULHOSO E A VITÓRIA DA HUMILDADE

Trecho do Cordel:

Os quatro regressariam

Pra casa depois de um mês

Perguntou logo o barão:

- Por onde andavam voces

Que sumiram aos olhos meus?

- Meu pai, no mundo de Deus,

Responderam a uma só vez.

- O que fizeram voces?

Pergunta o barão risonho.

Zaloá disse, - Meu pai,

O mal provém do demônio,

Deus nos guiava por lá,

Fomos moças procurar

Para o nosso matrimônio.

Barão, já não tão risonho,

Pergunta-lhes com voz dura:

- Quem são essas pretendidas?

- Quatro anjos de candura.

Três filhas de um fazendeiro,

Outra, filha de um mineiro,

Um anjo de formosura.

- Não existe formosura

Em uma assalariada.

Quem é que quer desposar

Uma pobre desgraçada?

Não vá contra a natureza,

Seja homem, ame a riqueza,

Procure uma moça educada!

- Mas que riqueza, que nada,

Meu pai, isso é vaidade,

Manda o nosso mandamento

Que se faça caridade

Pobreza não é desonra

Seu brasão não salva honra

Nem me traz felicidade.

Peço ao senhor por piedade

Mude o seu regulamento

Faça seu filho feliz

Abençoe meu casamento

O senhor é caixa alta

Mas pobreza não é falta

Havendo procedimento.

Meu pai, não seja avarento,

Abrande seu coração

A menina é pobrezinha

Tem bom porte e perfeição

Não é moça de fuxico

E ao pobre se faz rico,

Me diga se é ou não?

- Pois bem, - lhe disse o barão,

Dessa vez eu dou um jeito,

Traga a moça para cá

Que o casamento eu aceito.

Disse o filho, - Pai querido,

Fico muito agradecido

Por me deixar satisfeito!

Agora, tudo perfeito,

Foram buscar as donzelas,

Chegaram, viram as moças,

Pareciam ser mais belas,

E na hora decisiva

Formaram uma comitiva

Para a companhia delas.

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
Código do texto: T3493937
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.