DOIS DESTINOS

Trecho do Cordel:

O conde mal educado

Vendo a moça maltrapilha

Mas sempre a seguiu de perto

Sabia que era sua filha

Tentou de casa a expulsar

Alegou não aceitar

Mendigo em sua família.

O destino maravilha

Em certos casos responde

Apaixonou os dois jovens

Pra mostrar ao velho conde

Que existe além da riqueza

O amor, sublime pureza

Que o ouro não esconde.

Deus está presente onde

Há carinho e esperança

A um casal tão diferente

Deu carinho e esperança

E logo estavam casados

Contra o conde indignado

Que o expulsou da herança.

Cheios de perseverança

Ficaram os dois na pobreza

Porém ricos de afeto

Obstinação, firmeza,

Trabalhando noite e dia

Na mais perfeita harmonia

Como manda a natureza.

A condessa com tristeza

Pouco tempo mais durou

Sem conhecer a verdade

Morreu, partiu, se acabou

Ficando o conde sozinho

Enveredou no caminho

Que a soberba lhe indicou.

À orgia se entregou

Às festas e bacanais

Noitadas intermináveis

Com falsários marginais

Pouco tempo se passou

E a fortuna que juntou

Não lhe pertencia mais.

Terminou nos hospitais

Padecendo na indigência

Convivendo na sarjeta

Com o peso da consciência

Sofrendo no corpo seu

O que a filha sofreu

Pela sua intransigência.

A Divina Providência

Não desampara ninguém

Mas a quem lhe desrespeita

O castigo sempre vem

Na nossa Lei Natural

Quem faz o mal colhe o mal

Quem faz o bem colhe o bem.

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
Código do texto: T3493921
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