AS CONTROVÉRSIAS DE DEUS
Desde muito pequenino
Eu sempre escuto falar
Deus sobre todas as coisas,
Deus pra lá, Deus pra cá,
Deus na terra, Deus no céu...
Uns chamam de Emanuel
Outros chamam de Jeová.
A Deus se deve o criar
Da terra, a noite e o dia
O dia para ser quente
A noite para ser fria
Criou florestas e flores
Os animais roedores
A paz e a selvageria.
Criou a Lua tão fria
Também criou o Sol quente
Criou os peixes, as aves
O leão e a serpente
Frutas, verduras, legumes
E um tipo de perfume
Pra cada flor diferente.
Criou as leis para o crente
Uma mulher pra ser pura
Um filho para ser mártir
Conforme diz a escritura
Tem até um livro velho
Que chamam de Evangelho
Cheio de Lei e censura.
Essa Sagrada Escritura
Dizem, foi Deus quem criou
Velho e Novo Testamento
Que eu nem sei quem publicou
Mas no livro diz também
Que tudo que nele tem
Foi o Senhor quem mandou.
Mas, se tudo Ele criou
Pra segui-lo como espelho
Como se explica Moisés
Sem ouvir o seu conselho
E atendendo ao seu chamado
Matar o povo afogado
Nas águas do Mar Vermelho?
Se Deus de tudo é o espelho
E só manda a gente amar,
São as leis dos Mandamentos
Não matar e nem roubar
Mas nesses mesmos papéis
Com esses atos, Moisés,
Em quem foi se espelhar?
Além de afogar no mar
Matou diversos garotos
Arrasou campos, vertentes
Com pragas de gafanhotos
Deixou pobres em farrapos
Com uma praga de sapos
Além de outros atos rotos.
Esses comentários tortos
Eu não me canso de ouvir
Nada na terra acontece
Sem nosso Deus permitir
Se isso tudo é verdade,
Por que uma calamidade
Arrasou o Haiti?
É preciso refletir
Mesmo o povo que tem fé
Até as folhas das plantas
Só caem se Deus quiser
E entre outras coisas boas
O amor entre as pessoas
É isso que o Senhor quer?
Porém deus fez a mulher
De forma bem diferente
Quando Adão descobriu isso
Ficou todo saliente
Atrevido e excitado,
Mas Deus diz,- Sexo é pecado!
E põe culpa na serpente!
Amai uns aos outros, gente,
Como eu vos tenho amado!
Desde que eu li essas frases
Fiquei com isso guardado
Mas por mais que eu reflite
Pense, repense, medite,
Acho algo mal explicado.
Se é tudo por Deus guardado
Como se explicaria
Tamanha contradição
Nessa mesma profecia:
“Só os que trabalham comem,
Maldito será o homem
Que em outro homem confia”?
Não entendo essa porfia,
Deus manda a gente se amar
Depois, no mesmo momento
Diz que é pra não confiar.
Se o amor é tão profundo,
Se é para amar todos mundo,
Por que então desconfiar?
Não dá para meditar
Com tanta contradição
Terremotos tempestades
Matam gado, plantação,
Famílias desaparecem...
Essas coisas acontecem
Com a sua permissão?
Se é de Deus a criação
E o seu amor inconteste,
Por que não manda mais chuva
Pro sertão do meu Nordeste,
E deixa de matar gente
Afogado nas enchentes
Lá pras bandas do Sudeste?
Como eu, há quem conteste,
Mesmo sendo criticado,
Quem critica não entende
Nada de certo ou errado
Mesmo vendo acontecer
Uns sem água pra beber
Outros morrendo afogado.
Um bandido endiabrado
Pega um menino forte
Arrasta pelo asfalto
Até a hora da morte...
E a garotinha Isabela
Que o pai jogou da janela,
Deus retirou sua sorte?
Deus, o soberano forte,
É contra o homem clonado.
Mas clone no ser humano
Vem desde o tempo passado.
Adão tinha a forma bela
Deus tirou-lhe uma costela
E outro ser foi gerado.
Esse assunto está errado
E a coisa vai muito além.
Se com um pedaço de Adão
Deus construiu outro alguém
O tema está complicado;
Olhando bem pro passado,
Eva é um clone também.
Até aí, tudo bem,
Pra Deus não existe o mal,
Mas acendeu sua ira
Com chuva de fogo e sal
Uma verdadeira zorra
Contra Sodoma e Gomorra,
Não sobrou um animal.
Um ato descomunal
Doloso, débil, demente.
Contra Sodoma e Gomorra
Não restou um só vivente.
Se o deus do amor sente ódio,
Será que nesse episodio
Não havia um inocente?
Na fé do povo que é crente
Deus só planeja pra o bem,
Um erro não justifica
Pra consertar outro alguém;
Aqui também eu critico:
Porque o que dá ao rico
Não dá ao pobre também?
O tema vai muito além
De pobreza e abastança.
Oh, Deus, pare a tempestade,
Traga somente a bonança!
Use o seu poder divino
Pra frear o assassino
No estupro da criança!
Deixe brotar a bonança
No deserto ou no vergel,
Jogue água nos incêndios,
Apague esse fogaréu,
Mude a mente dos bandidos,
Proteja os desprotegidos,
Iguale a terra com o céu!
Pra gente que vive ao léu
A vida não é tão bela
Deus criou a terra inteira
E tudo bom que tem nela
Mas a Nação é ingrata
Tem gente que até se mata
Pra ter um pedaço dela.
Pra complicar a novela
O homem tornou-se fraco
Dividiu a terra inteira
Como fragmento ou caco;
A humanidade aí erra,
Tem gente que não tem terra
Nem pra tapar um buraco.
O homem tornou-se fraco,
Esse assunto é bem profundo
Quem vive na mordomia
Se acha dono do mundo
E nem se lembra se quer
Que quando o Senhor quiser
Destrói tudo num segundo.
O assunto e bem profundo
Mas chega de esquisitice
Senhor, vê se não se afronta
Se acha que fiz tolice
Com esta cabeça tonta!
Feche os olhos, faz de conta
Que não ouviu o que disse!
Não fiz por sem-vergonhice
Foi por ser discriminado
Você fica por aí
Num lindo trono sentado...
Perdoe um velho poeta,
Mas acho que seus profetas
Escreveram tudo errado!
São Luis, 18/01/2012
Cordel nº 216 do poeta
O entardecer lá na roça
De tão bonito que era
Nas cores da primavera
Pintava a nossa palhoça
Na estradinha da porteira
Morava a velha paineira
Bem em frente a nossa choça.
Carregada com seus cachos
A paineira envelhecida
- Pensionato de acolhida -
No aconchego dos seus braços
Recebia a passarada
Para mais uma noitada
Entre cochilos e amassos.
Feito fios de ouro do sol
O vermelho era trançado
Diziam que era bordado
Aquele nosso arrebol
Era um céu de muitas cores
Cenário de mil amores
Canteiro de girassol.
Passando a língua no coxo
As vaquinhas no curral
Raspavam restos de sal
Deixados pelo boi Mocho
Querendo abrir a tramela
Assanhada a Sentinela
Cobiçava o potro roxo.
Meu pai vigiava o matinho
Sentado no seu pilão
De onde vinha um gavião
Querendo comer pintinho
Mamãe «banava» feijão
Vovó cardava algodão
Sentada no seu banquinho.
Nessa tarde quase morta
Ao som de moda caipira
Meu pai, na alça de embira
Põe o seu chapéu na porta
E, no rabo do fogão,
Faz um pito com a mão,
Se a palha é seca, que importa?
Mamãe, na velha bacia
Esquenta água na fornalha
Põe no cesto a sua malha
Que tricota para a tia
Bota os pés para lavar
Bem longe vai descansar,
Bem longe já vai o dia.
Pouco antes de se deitar
- É o momento do rosário -
Todo dia nesse horário
A família vai rezar
«Bença mãe e bença pai»
A escuridão logo cai
E o silêncio vai reinar.
O velho colchão de palha
Barulhento e bem macio
É muralha para o frio
Naquela casa com calha.
Todo mundo já deitado
O meu pai com seu cuidado
Vai pegar água na talha...
Existe o corno Esparrela
Que acha que está perdido
Nunca mais se recupera
Por ela ter lhe traído
E existe o Corno Casal
Que não se sabe, afinal,
Quem é mulher ou marido.
Nosso mundo esta perdido
Devido essa decisão
Homem casando com homem
Em registrada união
O certo é que, afinal,
Se não existe casal
Não pode haver tradição.
Existe é aberração
Nessa lei elaborada,
Seja homem com outro homem,
Mulher com mulher casada,
Mas o que vale é viver
E a mim compete escrever,
Deixar tudo registrada.
Portanto, meu camarada,
Com este meu proceder
Fiz questão de editar
O cordel pra você ler
Para a historia terminar
Vale a pena perguntar:
O corno, ser ou não ser?
Criou as leis para o crente
Uma mulher pra ser pura
Um filho para ser mártir
Conforme diz a escritura
Tem até um livro velho
Que chamam de Evangelho
Cheio de Lei e censura.
Essa Sagrada Escritura
Dizem, foi Deus quem criou
Velho e Novo Testamento
Que eu nem sei quem publicou
Mas no livro diz também
Que tudo que nele tem
Foi o Senhor quem mandou.
Mas, se tudo Ele criou
Pra segui-lo como espelho
Como se explica Moisés
Sem ouvir o seu conselho
E atendendo ao seu chamado
Matar o povo afogado
Nas águas do Mar Vermelho?
Se Deus de tudo é o espelho
E só manda a gente amar,
São as leis dos Mandamentos
Não matar e nem roubar
Mas nesses mesmos papéis
Com esses atos, Moisés,
Em quem foi se espelhar?
Além de afogar no mar
Matou diversos garotos
Arrasou campos, vertentes
Com pragas de gafanhotos
Deixou pobres em farrapos
Com uma praga de sapos
Além de outros atos rotos.
Esses comentários tortos
Eu não me canso de ouvir
Nada na terra acontece
Sem nosso Deus permitir
Se isso tudo é verdade,
Por que uma calamidade
Arrasou o Haiti?
É preciso refletir
Mesmo o povo que tem fé
Até as folhas das plantas
Só caem se Deus quiser
E entre outras coisas boas
O amor entre as pessoas
É isso que o Senhor quer?
Porém deus fez a mulher
De forma bem diferente
Quando Adão descobriu isso
Ficou todo saliente
Atrevido e excitado,
Mas Deus diz,- Sexo é pecado!
E põe culpa na serpente!
Amai uns aos outros, gente,
Como eu vos tenho amado!
Desde que eu li essas frases
Fiquei com isso guardado
Mas por mais que eu reflite
Pense, repense, medite,
Acho algo mal explicado.
Se é tudo por Deus guardado
Como se explicaria
Tamanha contradição
Nessa mesma profecia:
“Só os que trabalham comem,
Maldito será o homem
Que em outro homem confia”?
Não entendo essa porfia,
Deus manda a gente se amar
Depois, no mesmo momento
Diz que é pra não confiar.
Se o amor é tão profundo,
Se é para amar todos mundo,
Por que então desconfiar?
Não dá para meditar
Com tanta contradição
Terremotos tempestades
Matam gado, plantação,
Famílias desaparecem...
Essas coisas acontecem
Com a sua permissão?
Se é de Deus a criação
E o seu amor inconteste,
Por que não manda mais chuva
Pro sertão do meu Nordeste,
E deixa de matar gente
Afogado nas enchentes
Lá pras bandas do Sudeste?
Como eu, há quem conteste,
Mesmo sendo criticado,
Quem critica não entende
Nada de certo ou errado
Mesmo vendo acontecer
Uns sem água pra beber
Outros morrendo afogado.
Um bandido endiabrado
Pega um menino forte
Arrasta pelo asfalto
Até a hora da morte...
E a garotinha Isabela
Que o pai jogou da janela,
Deus retirou sua sorte?
Deus, o soberano forte,
É contra o homem clonado.
Mas clone no ser humano
Vem desde o tempo passado.
Adão tinha a forma bela
Deus tirou-lhe uma costela
E outro ser foi gerado.
Esse assunto está errado
E a coisa vai muito além.
Se com um pedaço de Adão
Deus construiu outro alguém
O tema está complicado;
Olhando bem pro passado,
Eva é um clone também.
Até aí, tudo bem,
Pra Deus não existe o mal,
Mas acendeu sua ira
Com chuva de fogo e sal
Uma verdadeira zorra
Contra Sodoma e Gomorra,
Não sobrou um animal.
Um ato descomunal
Doloso, débil, demente.
Contra Sodoma e Gomorra
Não restou um só vivente.
Se o deus do amor sente ódio,
Será que nesse episodio
Não havia um inocente?
Na fé do povo que é crente
Deus só planeja pra o bem,
Um erro não justifica
Pra consertar outro alguém;
Aqui também eu critico:
Porque o que dá ao rico
Não dá ao pobre também?
O tema vai muito além
De pobreza e abastança.
Oh, Deus, pare a tempestade,
Traga somente a bonança!
Use o seu poder divino
Pra frear o assassino
No estupro da criança!
Deixe brotar a bonança
No deserto ou no vergel,
Jogue água nos incêndios,
Apague esse fogaréu,
Mude a mente dos bandidos,
Proteja os desprotegidos,
Iguale a terra com o céu!
Pra gente que vive ao léu
A vida não é tão bela
Deus criou a terra inteira
E tudo bom que tem nela
Mas a Nação é ingrata
Tem gente que até se mata
Pra ter um pedaço dela.
Pra complicar a novela
O homem tornou-se fraco
Dividiu a terra inteira
Como fragmento ou caco;
A humanidade aí erra,
Tem gente que não tem terra
Nem pra tapar um buraco.
O homem tornou-se fraco,
Esse assunto é bem profundo
Quem vive na mordomia
Se acha dono do mundo
E nem se lembra se quer
Que quando o Senhor quiser
Destrói tudo num segundo.
O assunto e bem profundo
Mas chega de esquisitice
Senhor, vê se não se afronta
Se acha que fiz tolice
Com esta cabeça tonta!
Feche os olhos, faz de conta
Que não ouviu o que disse!
Não fiz por sem-vergonhice
Foi por ser discriminado
Você fica por aí
Num lindo trono sentado...
Perdoe um velho poeta,
Mas acho que seus profetas
Escreveram tudo errado!
Cordel nº 216 do poeta