* O barulho que fazemos *
Certa manhã, meu pai convidou-me
Para fazermos um passeio
Que aceitei com prazer
Ao receber um galanteio
Porém, ele se deteve calado
Que me deixou encabulado
E de perguntar tive receio
Depois de um pequeno silêncio
Ele então me perguntou:
- Além do cantar dos pássaros
O que mais você escutou?
Apurei meus ouvidos e respondi:
- Um barulho de uma carroça, ouvi.
Meu pai sorriiu e confirmou.
- Isso mesmo, disse meu pai.
É uma carroça vazia
Fiquei impressionado
Como é que ele sabia
Se a carroça não estamos vendo
Como você está sabendo?
Perguntei-lhe com simpatia
- Ora, respondeu meu pai.
É muito fácil saber
Uma carroça vazia
Faz barulho para valer
Quanto mais vazia a carroça
Maior é o barulho que mostra
È fácil compreender
Tornei-me adulto, e até hoje
Quando vejo uma pessoa falando demais
Inoportuna, interrompendo
A conversa dos demais
Quanto mais vou entendendo
Penso em meu pai dizendo:
- Quanto mais vazia, muito mais barulho faz.
Pensar que é dona da verdade
E da absoluta razão
Talvez possa não saber
Qual a real impressão
Talvez, não esteja sempre pronto para ouvir,
Para perceber e sentir
A voz do teu coração
Fazer um barulho danado
E ser vazia por dentro
Não conseguir ordenar
A fala com o pensamento
Fica aos outros incomodando
Parece uma matraca falando
Palavras soltas ao vento
Saber ouvir, companheiros
É nota de excelência
O silêncio vale ouro
Usado com competência
Ouvir muito e falar pouco
Falar demais é para louco
Que não tem experiência
Demore a falar e ficar com raiva
Isto deve sempre lembrar
Não responda antes de ouvir
O que alguém lhe perguntar
Para não passar vergonha
E ficar com cerimônia
Deixe quem quiser falar.