CEGO ADERALDO

Trecho do Cordel:

Se o cantador Aderaldo

Foi inquestionavelmente

O poeta de melhor voz

Do passado e do presente

Está ainda entre os demais

Registrado nos anais

Dos livros de antigamente.

Lembrado por nossa gente

Cego Aderaldo Ferreira

De Araujo era seu nome

Cariri sua ribeira

No Crato ele foi gerado

No Quixadá batizado

Onde iniciou carreira.

Maquinista de primeira

Era sua profissão

Porém aos dezoito anos

Em um trem pelo sertão

Num acidente profundo

Viu escurecer o mundo

E se foi sua visão.

Ficando na escuridão

Sofreu um golpe cruel

Desde então ele abraçou

A vida de menestrel

Começando com trovinhas

Sendo dele essas quadrinhas

Registradas no papel:

Meu benzinho diga, diga

Por caridade confesse

Se voce já encontrou

Quem tanto bem lhe quisesse.

Meu bem, que mudança é esta

Neste teu rosto adorado?

Acabou-se aquele agrado

Com que me fazias festa?

Eu juro que nunca quis

Ofender teu peito nobre,

Fala, meu anjo, descobre,

Diga, meu bem, que eu te fiz?

Fiz um A para te amar

Um B pra te bem querer

Um N pra não deixar-te

Um S, só se eu morrer.

Série Cantadores - Vol. XXX

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
Código do texto: T3493632
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