CEGO ADERALDO
Trecho do Cordel:
Se o cantador Aderaldo
Foi inquestionavelmente
O poeta de melhor voz
Do passado e do presente
Está ainda entre os demais
Registrado nos anais
Dos livros de antigamente.
Lembrado por nossa gente
Cego Aderaldo Ferreira
De Araujo era seu nome
Cariri sua ribeira
No Crato ele foi gerado
No Quixadá batizado
Onde iniciou carreira.
Maquinista de primeira
Era sua profissão
Porém aos dezoito anos
Em um trem pelo sertão
Num acidente profundo
Viu escurecer o mundo
E se foi sua visão.
Ficando na escuridão
Sofreu um golpe cruel
Desde então ele abraçou
A vida de menestrel
Começando com trovinhas
Sendo dele essas quadrinhas
Registradas no papel:
Meu benzinho diga, diga
Por caridade confesse
Se voce já encontrou
Quem tanto bem lhe quisesse.
Meu bem, que mudança é esta
Neste teu rosto adorado?
Acabou-se aquele agrado
Com que me fazias festa?
Eu juro que nunca quis
Ofender teu peito nobre,
Fala, meu anjo, descobre,
Diga, meu bem, que eu te fiz?
Fiz um A para te amar
Um B pra te bem querer
Um N pra não deixar-te
Um S, só se eu morrer.
Série Cantadores - Vol. XXX