DETURPANDO VELHAS CANTIGAS

Como me soam estranhas

As velhas cantigas de roda

Que ensinam as crianças

E nunca saem de moda

“Atirei o pau no gato,

mas o gato não morreu”

Ato de barbaridade,

Eu não ia gostar nada

Se esse gato fosse meu.

“Dona Chica adimirou-se

do berro que o gato deu”

Eta! velha malvada

Merece é muita porrada

Pois ficou admirada

E nem sequer o defendeu

“Nessa rua tem um bosque

Que se chama solidão

Dentro dele mora um anjo

Que roubou meu coração”

A cabeça da criança

Que nada sabe da vida

Fica até meio perdida,

Não entende isso não

Vê um anjo perigoso,

Sem vergonha, enganoso

Que não passa de ladrão.

“O cravo brigou com a rosa

debaixo de uma sacada”

Essa é pura violência

Embora em sua essência

Venha a ser romanceada

Depois do “cravo ferido”

“E a rosa despetalada”

Parece que o pau quebrou feio

Houve tanta cacetada

Que a criança nesse meio

Fica desorientada.

Se você brincou de roda

Certamente vai lembrar,

Que essa velha brincadeira

Na verdade é uma besteira,

Mas gostosa de brincar

E eu lhe peço desculpa

Se por pura sacanagem

Vim aqui pra deturpar.

Jogon Santos
Enviado por Jogon Santos em 10/02/2012
Reeditado em 20/03/2021
Código do texto: T3490687
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