Desafio da Peste
Desafio da Peste
Jorge Linhaça
Se ajuntaru lá na praça
Zé topete e Chico napão
num desafio danadu de bão
movido a goles de cachaça
e tumem muita provocação
e das corda das suas viola
sai logo as sua introdução
quase saía inté palavrão
pois violeiro num se enrola
e rebate de pronto o refrão
Zé topete tava mui afiado
sua língua parecia navalha
mas o napão num foge da raia
e rebatia nos verso trocado
fumando um cigarro de paia
O povão foi se ajuntando
mó di aprecia o desafio
num houve quem ali não rio
com os verso que ia improvisando
essa dupla de dar arrepio
cada mote assim aplicado
era como um soco no ouvido
logo pelo outro adevolvido
com outro repique bem dado
dexano o povão entretido
Um falava do feio topete
o outro criticava o narigão
e o povo gargaiava di montão
podia inté chuvê canivete
que ninguém arredavapé não
e o desafio foi se esticanu
inté a noite chegá di mansinho
e os dois com muito carinho
irem aos pouco encerranu
como fazem os bãos vizinhos
Adespois di muito pelejá
nos verso e no dedilhado
sairam os dois abraçados
mó di uma cerva tomá
nu buteco do clodoaldo
i a gozação inda continuô
varando pela noite afora
pois quase ninguém foi embora
quando o desafio acabô
pois alegria num tem hora.