EXCURÇÃO DE POBRE
Se você caro leitor
Viajou em excursão,
Eu te peço um minuto
Me empreste sua atenção.
Se foi excursão de nobre
Ou a excursão de pobre
Vamos descobrir então?
A seguir vou relatar
Certas curiosidades
Sobre uma excursão
Recheada de verdades.
Se viveu alguma delas
Com certeza verá nelas
Grandes preciosidades.
A excursão que eu falo
Já começa adiantado
Três meses de antecedência
Pra juntar algum trocado
Pra pagar sua passagem,
Garantindo na viagem
Um lugar pra ir sentado.
O povo fica eufórico
Esperando pelo dia
Vai preparando as coisas
Por conta da correria
Pra tomar banho de praia
E fazer muita gandaia
Isso com muita alegria.
Na véspera da viagem
Prepara uma panelada
Pra levar no outro dia,
Fica até a madrugada
A comida organizando
Pra ninguém ficar falando
Qu’ela foi mal preparada.
Tem panela com cuscuz,
Também feijão cozinhado,
Uma farofa com galeto
Ovo cuzido e fritado,
Soda preta e cocorote
Até bolacha de pacote
Na comida é colocado.
Salgadinho de pacote,
Suco dentro de cabaça,
Carne de charque e Kitut
Tira-gosto da cachaça.
Há quem leve jurubeba,
Um outro doido por peba
Leva até seu cão de caça.
Tripa assada, mocotó,
Um pirão mais a Buchada,
Feijoada ainda fervendo,
Rapadura e carne assada.
É só comida maneira
Terminando de primeira
Com uma vaca atolada.
Mas pense como é lindo
De ver toda aquela gente
Todos ali na calçada
Tudinho tremendo dente.
Faz da rede, uma coberta,
Pois o frio até aperta
A alma do mais valente.
E quando chega o “busão”
A diversão é repleta
Colocam todas as malas
Levam até bicicleta,
Também câmara de ar
Pra na praia, eles boiar
A bagagem vai completa.
Antes do “Busão” sair
Tem que fazer a chamada
Porque tem que conferir
Antes de pegar a estrada.
Pois tem sempre um espertinho
Se fazendo de sonsinho
Por não ter pagado nada.
E no meio da viagem
Não se falta cantoria
O clássico da barata
Se deixar dura um dia.
Ela vai reiniciando
Todo mundo é cantando,
Sem perder sua alegria.
E um pouco mais na frente
O ônibus tem que brecar,
Pois não tem banheiro nele
E um cabra quer urinar.
Ele fica perturbando:
- Amigo estou me mijando
Por favor da pra parar.
E quando chega na praia,
Criançada desembesta
A mãe fica preocupada
O pai só fazendo a festa
E haja, haja a mãe gritar
Menino vá se aquietar
Ôh, Teimosia da molesta.
Procuram logo uma sombra,
E só tem a de um coqueiro
Todo mundo deixa as coisas
Fica um lá de olheiro.
Mas o sol fica andando
Quem ficou, fica mudando
As coisas o dia inteiro.
E nas suas brincadeiras
Veja só como é fraco
Pega logo o irmãozinho
E coloca num buraco.
Ainda pra completar
Pra acabar de terminar
Na cabeça bota um saco.
Pior do que isso, é quando
Vem passando um vendedor
Oferecendo os produtos
Batem em cima com fervor
Meia hora para olhar,
Mas na hora de comprar:
- Vou querer não, meu doutor.
Os meninos barrigudos
O pai só na bebedeira
A mãe colocando o almoço
E gente falando asneira.
Tem véi que está paquerando
E a véia reclamando
Diz com muita ciumeira:
-Coisa feia véi safado,
Está me desrespeitando.
O véi vira chateado
E vê a veia esfumaçando.
Diz:- Ô veia ciumenta.
E ela diz: - vá! tu inventa,
Pra tu ver o pau cantando.
Tem também as amostradas
Que vão pra se bronzear
Passando o dia no sol
Diz: - Uma cor vou pegar.
Quase pega insolação
Parecendo um camarão
Um vermelho de lascar.
Quando chega o fim da tarde
Começa uma gritaria,
Pois o “busão” tá ligado
Motorista na agonia.
O povo só remanchando,
E o tempo vai passando
A buzina é só quem pia.
Mas bonito do que isso
É na hora de voltar.
Todo mundo bem vermelho
Sem poder nem se tocar
Queimado igual à brasa.
E até chegar em casa
Só falta o povo chorar.
Ao contrário da partida
A volta é diferente
Ninguém canta, nem conversa,
Nem diz verdade nem mente.
Pois somente o que se ver
É o povo adormecer
Até chegar novamente.
Mas aí não conto mais.
Eu conto em outra hora.
Pois essa excursão de pobre
Vai ficando aqui agora.
Minha gente obrigado
Por terem comtemplado
Mas agora eu vou embora.
Leidson Macedo Felix
(Capitão Jack)
29/03/2022