Folguedos
Não me encanta mais o folclore
Peripécias da arte tosca
Que de tanta firula, encolhe.
Manipuladas...
Estilizadas...
Com as raízes à meia boca
Tanto esforço pelo tema
Forjado astral pretencioso
Quem sabe seja algo novo
Com saudade do passado
Tematizando ao extremo
O imaginário do povo
Do primitivo me esquivo
Erro que eu reconheço
Talvez porque li nos livros
Que ignorância tem preço
E me perco na esperança
De só ter o que mereço
E os cordões seguem cordeiros
O destino que os pastoram
Ou duelam nas arenas
Hoje, esteios que os controlam
Nem de si mesmos têm pena
Nem lágrimas lhes caem dos olhos
Passa na minha cabeça
Ser assim no mínimo omisso
Sentado aqui pelas cercas
Sem ter nenhum compromisso
E enternecido assistir
Meu não ter nada com isso
E aí por isso esmaeço
Aquela paixão de antes
Quando vejo é por acaso
Quando abraço é só um instante
Quando largo me entristeço
Quando lembro está distante