10 - INSISTIR OU DESISTIR (Dez dias numa montanha)
01 Vi na bela claridade
Da tela, em plena visão
Que o sol no horizonte
Anunciava o clarão
Ali na beira da estrada
Tive a pele arrepiada
Numa certa confusão
02 Tomás ali parecia
Ter vindo de outro mundo
Ao contemplar seu olhar
Vi estrelas no profundo
Seria ele um anjo?
Ou até mesmo um arcanjo?
Pela terra vagabundo?
03 Quero aqui descrever
Lembranças da minha mente
Pois a projeção trazia
Meu passado ao presente
Sob o surgimento do sol
Anunciando o arrebol
Naquele estranho incidente
04 Meu encontro com Tomás
Foi mesmo uma providência
Pois estava confundido
Nesse mundo de sequência
Onde os fatos acontecem
E as lembranças desvanecem
Mesmo havendo insistência
05 Eu fiquei interessado
Em conversar com Aquino
Tinha aparência jovem
Mas parecendo um menino
Com palavras estudadas
Me fez perguntas achadas
Na vida de um peregrino!
06 –Me diga, ó caminhante
Qual é o seu ideal
De andar pelas estradas
Sem casa e comendo mal?
Tens na vida algum desgosto
Que te colocou num poço
Onde o amor foi fatal?
07 Respondi-lhe prontamente
Sobre aquela minha vida
Disse-lhe que o amor
Fizera-me uma ferida
Sem cura pelo desprezo
E tal era um grande peso
Em minha estrada comprida!
08 Diante de meus lamentos
Tomás pôs-se a falar
Sobre duas palavras chaves
Entre os homens a atuar
Uma era INSISTIR
E a outra DESISTIR
Não podia ignorar
09 Minha lembrança viva
Daquele fato passado
Renascia em minha mente
O que eu via projetado
Desistir, ou insistir
Mesmo eu querendo inquirir
Não tinha significado.
10 Vi nos olhos de Aquino
Um brilho mui insistente
Era um olhar hipnótico
Contendo um poder latente
Aquilo num amanhecer
Era como um renascer
De um peregrino valente
11 Me disse que DESISTIR
As vezes era preciso
Pois a insistência louca
Conduzia ao prejuízo
Nesse mundo de desventuras
Insistir em certas juras
Era perder o bom siso!
12 Diante do seu falar
Eu formei uma ciência
Tem hora que é preciso
Fazer uma desistência
Pra vida continuar
Com o seu desenrolar
Neste mundo de sequência!
Continua..