08 - ESCAPANDO DOS APERTOS (Dez anos numa montanha)
01 No auge da projeção
Nos coloridos da luz
Nas cenas seguintes eu vi
A presença de uma cruz
E como sendo um desenho
Com um vivo desempenho
A lembrança de Jesus
02 Me vi nela crucificado
Sem forças pra me safar
Era como um pesadelo
Meu passado a demonstrar
Lembrei-me das agruras
E das grandes desventuras
Em minha vida a cismar
03 O menino ao meu lado
Fazendo a projeção
Ia falando palavras
Dando sempre a indicação
Dos dias do meu passado
E dos caminhos trilhados
Pela minha incompreensão.
04 Mostrou-me uma menina
Que era a minha dor
Tinha a face rosada
Que à luz era uma flor
Minha paixão era tanta
Como se fosse uma planta
Nascida do meu amor!
05 Oh! Que padecimento
Pela lembrança ali tida!
Muito desejei beijar
Aquela boca querida!
Tanto eu amava a menina
Que cheguei a herdar a sina
De vagar ao léo na vida!
06 Confesso que no momento
Uma dor me enterneceu
A lembrança da menina
Foi um sonho que morreu
E com aquilo, um peregrino
Surgiu com triste destino
De viver os dias seus!
07 O menino percebendo
Da minha tristeza tida
Mudou logo a projeção
Pra outra via da vida
Me vi em uma cidade
Com outra adversidade
No curso de uma avenida
08 Eu corria apavorado
Dum grupo de assaltantes
Que queriam me bater
E ferir o meu semblante
Um grande aperto passei
Mas por Deus eu escapei
Da gana dos meliantes
09 Lembrei-me, na projeção
Que tal fato ocorrera
Nos dias que eu andara
Na cidade de Limeira
Era um descalabriado
Carregando o triste fado
Na sorte não tinha beira
10 Nas visões e ocorrências
Dos meus dias de vivência
Na tela, ali na montanha
Eu via a minha sequência.
As investidas da sorte
Eram todas para a morte
Mas Deus foi minha valência!
11 O menino ao meu lado
Não tinha admiração
Até parecia saber
De toda a composição
Pois tudo que projetava
Na tela ele apontava
Do destino a direção
12 O fato é que naquele transe
Dentro daquela montanha
Eu ia assistindo o filme
De longa metragem ganha
Sendo a minha existência
Projetada na sequência
Com fatores e façanhas!