A morte: Autor: Damião Metamorfose.
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Eu já falei sobre a morte
Em outro Cordel escrito.
E aproveitando o embalo
O mesmo assunto eu repito.
Mas vou pedir ao Deus vivo
Pra não ser repetitivo,
Fazendo um Cordel bonito!
Não tem milagre, acredito
Que evite essa foiçada.
Quando a morte vem já sabe
Sua rotina e morada...
Não erra de endereço,
Nem adianta adereço
Ser cara limpa ou pintada...
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A morte é sempre a culpada
Por interromper a vida.
Seja a pessoa abastada
Ou totalmente falida...
Já eu acho a morte justa
E como ela não me assusta
Jamais chamo de bandida...
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A morte é atribuída
A culpa, a dor e o estrago...
E na garagem de uma vida
Seu lugar é sempre vago.
-Não adianta tomar porre
Nem ficar sóbrio, pois morre,
Poliglota, mudo e gago...
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Pra quem sofre é um afago
A passagem desta vida.
Por isso devemos ter
Uma vida bem vivida
E também nos preparar
Para quando ela chegar
Ter menos dor na partida!
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Já que a vida me convida...
A morte não me assusta.
Com a fé que tenho em Deus
Não irei de forma injusta.
Dada pelo criador,
Não acho a morte um horror
Pois sei que a causa é justa!
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Enquanto o cabra degusta
Uma boa refeição.
A morte fica a espreita
Num canto, de prontidão.
Só para dar o seu bote,
Feito cobra no caçote,
Mata com moderação!
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Escape da morte então
E depois conte pra mim.
Se a morte é feia ou bonita,
Se ela boa ou ruim.
Se é antiquada ou moderna
Se ela é terna ou eterna,
Se é o inicio ou o fim...
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O que nasce, cresce enfim
Ou morre na juventude.
O que cresce e morre idoso,
Faz plano e se ilude.
Nosso futuro é incerto,
Mas a morte é algo certo
Ninguém foge do ataúde...
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A morte vende saúde,
Porque faz a reciclagem.
Trocando o velho em um novo
Aperfeiçoado a imagem.
E ainda tem um, porém
Pois os que vão pro além
Não reclamam da viagem...
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Sem disfarce ou maquiagem
A morte vira do avesso
A vida de cada um
E cada um paga o preço
Que a morte vem e cobra,
Pagar é o que nos sobra,
Mesmo assim não esmoreço!
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Eu ainda desconheço
Como evitá-la eu não sei.
E também nem me interessa
Porque sei que morrerei.
Enquanto eu puder viver,
Me preparo pra morrer
Sem desrespeitar a lei!
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Para a morte não tem rei
Nem rainha e nem vassalo...
Ela é a justa justiça
Pune do sábio ao cavalo.
Por isso é que sempre digo
Dela eu sou um grande amigo,
Mas não vou cantar de galo!
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Muitos calam,eu não calo,
Dizendo que traz azar.
Faz sinal da cruz e bate
Na madeira pra isolar.
Para mim é só tolice
Com a morte não tem crendice
Que faça ela se ausentar!
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Pra quem se suicidar,
Passaporte antecipado.
E quem comete este ato
Não passa de um abestado.
Pois devido a sua pressa
Foi cedo ao encontro dessa...
Quem manda ser apressado!
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Só tem morte antecipado,
Quem comete o suicídio.
Com excesso em vícios lícitos,
Que também nos leva ao cídio.
Pois quem vive embriagado
Conduz a morte ao seu lado
E é preso ao próprio presídio!
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Sendo em massa, é genocídio,
O nome que dão a morte.
Muda o nome, mas a dor,
É a mesma, e o mesmo corte.
Morre quem goste ou não gosta,
Com ela não tem aposta,
Nem azarado ou com sorte...
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A morte é minha consorte
Já disse isto em outro verso.
Pra onde eu vou, ela vai,
Invisível no universo.
Quando eu gozo, ela delira
E quem achar que é mentira,
Pro o que digo ao inverso!
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A morte é um barco imerso,
Sem leme e sem timão...
Mas o seu destino é certo
Sem erro e com precisão.
Acerta de ponta a ponta
Deixando a matéria tonta
Falida e tombada ao chão!
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Mesmo assim a morte não
Me assunta ou mete medo...
No dia que ela vier
Vou é acordar mais cedo.
Para sair de mãos das
Andando pelas calçadas
E desvendar o seu segredo!
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Fim.
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Complemento do amigopoeta Aldemar... Em uma décima de para mestre nenhum botar defeito!
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27/01/2012 17:21 - aldemaralves
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Eu sonhei hoje cedinho
Pelo sertão viajando
Vi a morte cochilando
Á beira do meu caminho
Me aproximei de mansinho
Vasculhei a sua tenda
Comi da sua merenda
Bebi da sua bebida
E apaguei pra toda vida
Meu nome da sua agenda.