SANGUE BOM É O CARIOCA

Carioca vive rindo

Ri do filme de comédia

Quando olha uma tragédia

Ou da inflação subindo

Da casa que está caindo

Carioca também chora

Quando leva um “passa fora”

Chora quando vê maldade

Também chora de saudade

Da mulher que foi embora

Ele gosta de trabalho

Pode ser numa pedreira

Ou gritando pela feira

“vai batata, leva alho”

Também gosta dum baralho

Carioca joga dama

Corre com o pé na lama

Mas se cai uma garoa

Ele fica numa boa

Sem se levantar da cama

Carioca é amante

Não quer compromisso sério

Ele samba no Império

Vive sempre elegante

Gosta dum bom restaurante

Mas se vê mulher bonita

Carioca laça a fita

Se transforma num bom moço

Topa até levar almoço

Preparado em marmita

Carioca é farrista

Esbanja borogodó

Mostra ginga no forró

Tira onda de sambista

Joga vôlei, é surfista

Troca a noite pelo dia

O seu idioma é gíria

Bota bola na caçapa

Seu reduto é a Lapa

Palanque da boêmia

Ele gosta dum espelho

Carioca é peralta

Traz no peito a cruz de malta

Ou veste preto e vermelho

Reza sempre de joelho

Pois da fé ele não foge

Leva o terço no alforje

Sua vida é protegida

Pela Santa Aparecida

E a espada do São Jorge

Ele curte frescobol

E as notas do violão

Balança no pancadão

Vive pelo futebol

Morre se não tiver sol

Carioca é festeiro

Ele torce pro Salgueiro

Pra Mangueira e pra Portela

Carioca é aquarela

A face do brasileiro

P S ASSIS

Pietro Assis
Enviado por Pietro Assis em 25/01/2012
Código do texto: T3461584
Classificação de conteúdo: seguro