O FARDO

Oh meu Deus da piedade

Ando tão atormentado

Necessito de ajuda

Eu já vivo tão cansado

Sei que é o glorioso

Que nos livra do pecado

Eu procuro a linha reta

Ando numa direção

Mas parece que acabo

Trafegando em contra mão

Pois eu fico receoso

De cair na perdição

Eu procuro agir correto

Suas leis é minha malha

Nesta vida de perigos

Onde o justo também falha

Se termino uma luta

Recomeça outra batalha

Oh meu Deus me dê ouvidos

Escute a minha oração

Estou de cabeça quente

Tal panela de pressão

Sou um camponês fugindo

Dos dejetos do vulcão

Minha flor, de tanta inveja

Não exala mais perfume

Minha casa virou antro

De injuria e queixume

A esposa envenenada

De rancor e de ciúme

No trabalho me destaco

Porém nunca sou notado

Peças ruins são escolhidas

Já eu fico de lado

Posso adormecer tranqüilo

E acordar desempregado

Até minha parentela

Hoje clama por cuidados

Por ser uma prole grande

São todos endividados

Se lhes sobram alegrias

Está faltando uns trocados

Minha criatividade

Não revela um novo verso

Imagino a rima certa

Mas escrevo o inverso

Eu sou um poeta perdido

Como estrela no universo

Já tentei diversos planos

Mas nada deu um jeito

Quanto mais eu me defendo

Mais as facas vêm ao peito

Caso elas me perfurem

Eu lhe clamo por efeito

Oh meu Deus me dê à chave

Cujo abra esta algema

Faz de mim um livramento

Recriai um novo tema

E trarei você comigo

Como quem traz um emblema

Mas no meio dos percalços

Encontrei uma virtude

Sou homem de muita força

Gozo ainda a juventude

Meus ossos são inteiros

Não me falta a saúde

Escrevendo este texto

Deus se pôs a confortar

Meu corpo e minha alma

Se inclinou pra me mostrar

Que somente dá o fardo

Pra quem pode carregar

P S ASSIS

Pietro Assis
Enviado por Pietro Assis em 23/01/2012
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