MINHA HISTÓRIA EM VERSO

Meus amigos vos saúdo, nesta bela ocasião

Usando esta saudação, quero vos cumprimentar

Estou de fato feliz, por velos aqui presentes

Como é bom vê esta gente, aqui neste lugar

Contar aqui minha história, em forma de poesia

Era tudo que eu queria, bem direitinho contar

Descrevendo resumindo, minha história do passado

Realmente compassado, o meu testemunho dá

Quando criança, eu ainda lembro muito bem

E sei quantos anos tem, disso que vou contar

Mamãe, papai e eu, meu irmão e minha irmã

Muito cedo de manhã, saíamos pra trabalhar

Meus pais tão simples, sequer tinham estudado

Pois viviam do roçado, para sustentar a família

Não tinham dinheiro, nem para comprar o café

Mas estávamos de pé, muito cedo, todo dia

A nossa casa, era de barro e chão sem cimento

Mas o nosso sentimento, era de rico fazendeiro

Nada nós tínhamos, éramos pobres de marré

E na casinha de sapé, não se tinha lá dinheiro

Não tinha luz elétrica e nem água encanada

Lá não tinha mesmo nada, a pobreza era cruel

Mas todo mundo, ali era assim na redondeza

Numa eterna pobreza, vivendo quase ao léu

Não tinha fogão a gás, era à lenha nosso fogão

Eram três pedras no chão, e feito de improviso

E aquela simples comida, que nele se cozinhava

À fumaça, só cheirava, mas comer era preciso

A lenha pra se fazer a comida, trazíamos da roça

Um grande feixe nas costas, trazíamos todo dia

Era pau de angico, camará, ou mesmo candeia

Mas a coisa ficava feia, era quando não se trazia

Por conta disso, a lenha até tinha lá com sobra

Pois de fato a mão de obra, era de toda família

Mas o que comer, era muito pouco na verdade

Falo com honestidade, de fonte a gente tremia

Nossa comida era apenas feijão com farinha

Era de fato pouquinha, só pra barriga enganar

E Isso era só no almoço, mas não era todo dia

E muitas vezes nossa família, dormia sem jantar

Meu pobre pai, até que tinha uma carpintaria

Mas nem sempre aparecia, um serviço pra fazer

Passava até uma semana, para chegar um freguês

E às vezes, até um mês, para um outro aparecer

Só dormíamos na rede, e dormíamos na sala

Dentro de uma escola, eu era o último a deitar

No quarto, dormia papai, mamãe e minha irmã

E cedo pela manhã, eu era o primeiro a levantar

Quando o dia findava, e a noite então chegava

A mesa rodeava, para em família conversar

Não tinha janta, às vezes tinha uma merenda

Com a nossa pequena renda, não dava para jantar

Ao chegar à noite, sentávamos à porta da rua,

Aproveitando o claro da lua, fazíamos um louvor

Mamãe cantava aqueles belos hinos de crente

E era esta a vida da gente, morando no interior.

No lugarejo onde morávamos tudo era mui difícil

Precisávamos de sacrifícios, para então sobreviver

Eu cedo buscava a água, e meu irmão pilava o arroz

Esta era a vida de nós dois, mas tínhamos que fazer

Sem dúvida, esta foi a minha vida de criança

Guardo sempre na lembrança, a vida do interior

Papai e mamãe deram-me boas instruções

Confesso que suas lições foram de grande valor

Deixamos o interior, nos mudamos para cidade

Mas pra falar a verdade, a gente lá também sofria

Só para ter uma idéia, de nossa vida financeira

Mamãe foi lavandeira, para sustenta a família

Meu irmão vendia doce, eu era servente de pedreiro

Trabalhava o dia inteiro, com muita dificuldade

Fazendo a massa, vi minhas mãos calejadas

Mas eu nunca dei mancada, com esta realidade

E na minha cidade, lá praça na praça da cultura

Eu, uma pobre criatura, cheguei até trabalhar

Faz muito tempo, digo isso e não me engano

Tem mais de quarenta anos, espalhei adubo lá

Alcancei a juventude, sem eu nunca malandrar

Aprendi a respeita, o humilde e o exaltado

Esta foi minha postura, na infância eu aprendi

E jamais me esqueci, do que me foi ensinado.

Eu precisei me casar e procurei uma moça crente

Era uma jovem decente, que passei a namorar

Mas, por eu ser pobre, o seu pai jamais queria

E quase que conseguia convencê-la a não casar

Finalmente nos casamos, sem a menor condição

Mas pense na satisfação, por agora ser casado!

Eu não tinha nada, somente a casa pra morar

E nem um banco pra sentar, mas estava animado

Logo no outro dia, minha mulher fez um pedido

Dizendo meu querido, me vai comprar um sabão

Confesso que me apertei, com aquela realidade

Para falar a verdade, eu não tinha nenhum tostão

Embora um pouco acanhado, não tive outra saída

Falei pra minha querida, que não tinha mais dinheiro

Pense na minha vergonha e no grande acanhamento

E naquele exato momento, eu entrei em desespero

Jesus, coitado de mim! Fiz eu esta exclamação,

Sem no bolso um tostão, e a mulher pra sustentar!

Meu sogro tinha razão, sem querer o casamento

Desse jeito eu não agüento, e vou ter que me virar

Com oito dias de casado, deixei minha querida

E fui eu enfrentar a vida, lá no estado do Pará

Na beira da estrada, plantava capim com a mão

E junto com meu irmão, passei mais de mês por lá

Eu reclamava da sorte, e a saudade me apertando

E eu só na mulher pensando, e vontade de voltar

Depois de um mês, a minha empreita acabou

E voltei para meu amor, para nunca mais me afastar

Arranjei um novo emprego, numa usina de arroz

Para sustentar nós dois, o salário era pequenino

Era pequeno mesmo, bem pequeno na realidade

Para falar a verdade, era bem menor que o mínimo

Vi que naquela usina, eu ganhava muito pouco

Era de ficar louco, com esse pequeno ordenado

A família foi crescendo, com a chegada de filhos

Senti eu mais desafios, de minha vida de casado

Estudei para um concurso, de um banco federal

Era um banco oficial, e aí eu tinha que estudar

Estudei, e estudei muito, mas fui eu aprovado

E depois de concursado, no banco fui trabalhar

Cheguei a fazer faculdade, em história eu formei

Louvando sempre o meu Rei, o Senhor Jesus Cristo

Hoje sou um sou formado e também pós-graduado

Na minha vida do passado, eu não tinha nada disto

O que aprendi, na escola e também na faculdade

Valeu apena, na verdade, mas para vida secular

Sobre minha vida cristã, aprendi foi mesmo em casa

Ali minha mãe ensinava como então me comportar

Hoje sou pai de família, já com a segunda geração

Controlando a emoção, tento versar esta história

Contei apenas uma parte, pois eu tentei resumir

Lutei muito, mas venci, eu vivo outra vida agora

Mas minha maior alegria, confesso nesse momento

É fazer o lançamento, do livro que conta a história

É minha história resumida, mas muita emoção eu sinto

E contar neste recinto, com certeza é uma glória

Quero então agradecer, através dos versos meus

A todos dos convidados, que aqui se faz presente

Agradeço com carinho, a cada um por sua vez

Dizendo para vocês, que estou feliz e contente.

Luís Gonçalves
Enviado por Luís Gonçalves em 22/01/2012
Código do texto: T3454707