MARIA MANGUAÇA
Jorge Linhaça
 
Esta é Maria Manguaça
a alegria do povão
quando ela chega e passa
todo mundo passa a mão
Seja cerveja ou cachaça
Litro de vinho ou quentão
o que vier ela traça
bebe até a exaustão
 
É um tal de pega e fica
rala e rola no colchão
a noitada sempre estica
com branquinho ou negão
 
A gente até tem pena
da coitada da Maria
Mas se a alma é pequena
o corpo faz porcaria
Imagino o dilema
de viver esse problema
soltar a franga e as penas
dia e noite, noite e dia.
 
Já ficou com tanto macho
tanta loucura já fez
que tornou-se num capacho
é sempre a bola da vez
 
A danada é bonita
coisa linda de se ver
mas a peste da birita
lhe bota tudo a perder
Quem não vê não acredita
no que estou a dizer
Não sei o que a conflita
e lhe causa essa desdita
de a cada dia beber
 
Assim Maria Manguaça
vai desperdiçando  a vida
nessa ilusão nefasta
de onde passa ser querida
 
Mas a pobre e triste Maria
precisa é de tratamento
e não da patifaria
dos que a usam um dia
como uma triste iguaria
e a jogam no relento
perpetuando a agonia
da Maria e seu tormento.
 
Arandú, 14 de jan de 2009