A SAGA DO HOMEM DE BEM
Nasci no nordeste seu moço,
No sertão de Abricó,
Comi calango e farinha seu moço,
Fome dói que dá dó.
Fui criado descalço seu moço,
Pé no barro e pé na roça,
Até hoje sinto doutor,
Um comichão que me coça.
Meu pai pegava enxada doutor,
Dizia vamo e nós ia,
Ele e a filharada
Que fez mais com Maria.
De todos só quatro vingaram doutor,
Na trilha pra fugir da sede
Que a seca cavou pra gente.
Já na cidade grande doutor,
Dois foram assassinado
Sobrando só eu mais Duardo.
Daí que fui pra escola doutor,
Aprender o be a ba,
Aprendi tanto seu moço
Que vivo hoje a versejar.
Na escola da vida me inspiro doutor,
Pra modo de escrever meus versos,
Tão bonitinhos seu moço, no papel,
Que chamam literatura de cordel.