Cenário de Chuva
Meu verde sertão
Agora renova
O peixe desova
Lá no ribeirão
Faísca, trovão
Corisco caíndo
O povo sorrindo
Na nova estação!
Barreiro enchendo
Um mar lameado
O chão já cortado
Legumes nascendo
Assim eu vou vendo
Toda essa alegria
A vida se cria
No Sertão chovendo
Tem pasto pro gado
Aos poucos, engorda
E o feijão de corda
Também foi plantado
O arroz cachiado
O milho crescendo
É lindo, só vendo!
O Sertão molhado
O pássaro canta
No topo da serra
O verde da terra
Os males espanta
A chuva é tanta
Já sinto a frieza
A pura certeza
Só colhe quem planta
Termina Janeiro
E aquela alegria
O pai de família
Pensa em Fevereiro
Olha do terreiro
A roça bonita
Em Deus acredita
Chover ano inteiro
É esse o dilema
Do nosso sertão
Se fizer verão
É grande o problema
Falar desse tema
Fico arrepiado
Os olhos molhados
A dor é extrema
Mesmo bem distante
Eu vejo a penúria
O grito da fúria
O sol radiante
Um olhar vagante
Que o sol estopora
Se o verão demora
A cena é chocante
Só a chuva abranda
O clima medonho
Quem era tristonho
Alegre já anda
Já faz propaganda
Que o ano é vindouro
A chuva é ouro
O mais importante!
Assim é a sina
Dessa região
Ao menos no chão
Cair a neblina
Se abre a cortina
Da nova esperança
O povo se lança
A terra campina