Místicas possíveis
Sempre que alguém diz comigo
E o dirá com razão,
Que eu não passo de um raso
Místico, genérico borrão
Um reflexo da preguiça
Que em mim acende e atiça
O fogo da imaginação
Isso acontece quando eu
Reincidente e distraído
Volto a assuntos exotéricos
Um universo banido
Citando autores sabidos
Espertos e seduzidos
Por dinheiro induzidos
É que acredito, acreditem!
Livros e tabloides chinfrins
Meio que acidentalmente
Entre tanta coisa ruim
Pinçam notícias que a gente
Entre os austeros presentes
Não lê tão fácil assim
Livros, internet e filmes
Seriados, reportagens...
Descobriram o filão crédulo
Do que dizem ser bobagem
Quem tiver cabeça aberta
E não quantificar excessos
Admite outras verdades
Para isso é preciso
Que se perceba ser preso
Refém do que se aprendeu
Reconhecer o inconformismo
Que sempre o manteve aceso
Como o personagem Neo
Treinado pelo Morfeu
Admitir muita estória
Como possível caminho
Não se prender ao retalho
Da cocha do seu vizinho
Que mesmo bordando bem
Não tem ideia de quem
Inventou a chita ou o linho
Perguntar a si por que
O mistério da existência
Algo que alguém normal
Com sua sã consciência
Responderia total
Numa abrangência legal
Se não fosse a ciência
Perguntar ao cientista
Sobre o geral do universo
Sobre Deus, sobre a notícia
Que falaram ali bem perto
Sobre o ser, sobre o passado
Externando o imaginário
É ser desconsiderado
Creio que história do homem
Falta tanto a se contar
Que os indícios e fatos
Deveriam comungar
Para esclarecer no ato
Ou pelo menos o trato
Tendesse a sincretizar
Pirâmides, Alexandria,
Atlântida, seres gigantes.
Desenhos de Nazca e povos
Que viveram aqui antes
Dilúvio em versões múltiplas
Que de tantas se escuta
Entre povos tão distantes
Por essas e outras ideias
Por achar tudo possível
Por escrever isso em versos
Num cordel do inconcebível
Acendeu a luz de fato
No leitor a descoberta
Que o autor é mentecapto