YARA (baseada na lenda indígena - folclore da região amazônica)
Quem já ouviu o canto da sereia,
Em plena lua cheia, lá no Solimões?
É um encanto... Coisa irresistível!
Mesmo invisível, seduz os corações!
Ninguém sabe se é loira ou morena,
Mas tem olhos verdes... Vive lá no rio!
E o seu canto é tão melodioso...
Suave... Dengoso... Parece assobio!
É a Yara, um ser maravilhoso,
Metade peixe e metade mulher!
O seu cantar triste e queixoso,
Encanta os homens - faz o que bem quer!
Conta a lenda que a indiazinha
Era uma guerreira, a melhor da tribo
E só por isso despertou inveja,
E se defrontou com o inimigo!
Infelizmente a doce menina
Teve o próprio sangue como traidor!
Os seus irmãos, cruéis e invejosos,
Queriam matá-la... Quanto desamor!
Porém, Yara, com coragem tanta,
Defendeu a vida com as próprias mãos!
Não teve medo... E nem teve apego,
Para não morrer, matou os seus irmãos.
Fugiu da ira de seu velho pai
Que a procurou para as punições.
Ele a encontrou... E cheio de mágoas,
Jogou-a nas águas do velho Solimões!
Mas quando os peixes viram a pequena,
Ficaram com pena - levaram-na dali.
E a transformaram em uma sereia
Para que cantasse em tupi-guarani.
E desde então quando lá no céu
A bela lua cheia começa a despontar,
Os pescadores, cheios de carinho,
Pegam seus barquinhos e vão navegar.
Quando a encontram, ficam apaixonados
E são carregados para a profundeza.
E os que voltam, ficam enfeitiçados,
Doidos, extasiados, com tanta beleza!
E recorrem às rezas para se curar
De toda leseira, da louca paixão.
Mesmo com pajés e as benzedeiras
Apesar do esforço, não tem jeito, não!
Os pescadores já estão sabendo
Quem se apaixona, pode até morrer!
Por isso mesmo, não saem de casa,
E evitam os rios ao entardecer!
...
Maria do Socorro Domingos dos Santos Silva
João Pessoa, 17/01/2012