O Príncipe de Maquiavel

Meu caro amigo, leitor

Coloquei neste cordel

As idéias triunfantes

Do grande Maquiavel

Que retratou nosso mundo

Nas quais hoje me aprofundo

Transcrevendo num papel

Era o intuito do autor

Da obra tão conhecida

Ao monarca ajudar

Na decisão pretendida

Que o Rei tinha de conquista

Ou nunca perder de vista

A vitória pretendida

Primeiro o cabra explicou

Do Estado a formação:

Um chega de pai pra filho

O outro, da exploração

Ou melhor, um vem da sorte

O outro, ganha o mais forte

Com porrada e sem perdão

Diz que se for por herança

Difícil é ser conquistado

Mas depois da sorte grande

Já com o povo acostumado

O governo é garantido

O poder será mantido

Não será questionado

Quem herda, Diz Nicolau

Deve ser bem cuidadoso

Mostrar seu merecimento

Que também é valoroso

Porque com o passar do tempo

Serás deposto ao relento

Se notado indecoroso

Se o Estado vem por virtude

Por uma ação desonesta

Mate o Rei, esposa e filhos

Numa atitude funesta

E depois acalme o povo

Dê-lhe circo, pão e ovo

Mude prá lá, faça festa

Respeite todo o costume

Que o povo gosta e adora

Se afaste dos poderosos

Comandantes de outrora

Porque podem se ajuntar

Todo o grupo conspirar

E lhe matar sem demora

Quem usou de força bruta

Mas governa com juízo

Para manter a coroa

Não sair no prejuízo

Ele nos deu um recado

Deixe a violência de lado

Só use se for preciso

Ele nos deu um exemplo

Usando o reino de Dário

Que Alexandre ocupou

Dominando o povo otário

Que nunca se rebelou

Nem mesmo quando passou

Para um outro legionário

Nicolau quem escreveu

Não tenho nada com isso

Governar fica mais fácil

Nomeando um submisso

Jamais confiar num nobre

Pois seu sangue azul encobre

O risco no compromisso

Um conselho financeiro

Por ele então foi proposto

Não mexa nas leis antigas

Respeite do povo o gosto

Porém mantenha o intento

Não descanse um só momento

Arrecade o seu imposto

Falou de guerra e de sorte

Tem outro exemplo, senhor?

Ele diz, o de Moisés

Homem de Deus, um pastor

Não pode ser esquecido

Por ele ter conseguido

Um reino por seu valor

Mas existe o cidadão

Que pela força do povo

Chega ao poder, soberano

É este um modelo novo

Talvez o republicano

Confesso ser o meu plano

Quando penso, me comovo

Se do povo ele é querido

Dele tem necessidade

Portanto, não se afaste

Mesmo que tenha vontade

De manter um namorico

Com aquele grupo bem rico

Não perca a fidelidade

O Estado Eclesial

Esse não sai da rotina

Pois não precisa atirar

Em ninguém com carabina

Funciona desse jeito

Para manter o respeito

Faz uso da disciplina

A fim de mostrar ao mundo

Do reino quem é o dono

E não ter medo de um dia

Alguém lhe arrancar do trono

Compre armas reforçadas

Entregue às forças armadas

E pode e dormir seu sono

Na montagem da defesa

Deve prestar atenção

Desconfiar dos venais

Recrute só cidadão

E o promova a coronel

Assim lhe será fiel

Sem lhe causar traição

Um Rei quis ser diferente

Promovendo uma mudança

Contratou os mercenários

Para trazer segurança

Ao povo do arraial

Além dele se dar mal

Tomaram sua poupança

Feita a outra opção

Adote outra medida

Prepare bem os soldados

Deixe a tropa destemida

Atenta e bem satisfeita

Pois quem ficar na espreita

É quem perderá a vida

Outro conselho foi dado

Para o poder ser mantido

Não se envolver com malfeito

Manter o erro escondido

Para evitar prejuízo

Minta ao povo se preciso

Do contrário está perdido

O pobre sempre deseja

Estar perto da nobreza

Portanto é bom ostentar

Um tiquinho de riqueza

Cuidado nesta opção

Se for grande a exploração

Há revolta contra a alteza

O Rei deve ser amado?

Ou é melhor ser temido?

O bom era ser os dois

Mesmo sem alguém ter sido

Por isso a escolha faça

Para controlar a massa

Ser malvado é preferido

Eu vou dizer constrangido

E um pouco desgostoso

O monarca deve agir

Mesmo que não seja honroso

Por vezes até patético

Praticar ser antiético

Pra se manter poderoso

O governante sabido

Não queira ser desprezado

Pelo povo que requer

Seu patrimônio zelado

E a mulher respeitada

Nunca, jamais paquerada

Por quem ele é liderado

Outro conselho ao monarca

A fim de ser estimado

É construir grandes obras

E sempre que perguntado

Dizer sim ou dizer não

Ter sempre uma posição

Se acaso questionado

Na hora de escolher

Secretário e assessor

O cuidado é redobrado

Não por questão de pudor

É para não ser traído

Demonstre ser bem sabido

Nunca queira um traidor

Da figura do babão

Que não escapa ninguém

Se armar de um conselheiro

De confiança convém

Não é fácil de escolher

Por isso vou lhe dizer

Nem todo político tem

Meus amigos, vejam só

Nada disso eu conhecia

Nem mesmo de Nicolau

Maquiavel, eu sabia

Só que ele é o culpado

De o povo ser maltratado

Pelos líderes de hoje em dia

Vou terminar meu cordel

Só que uma promessa eu faço

Se um dia eu for prefeito

Ou legislar no pedaço

Mentir e roubar do povo

Reler o príncipe de novo

Não marcará o meu passo.

Polion de São Fernando
Enviado por Polion de São Fernando em 13/01/2012
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