ÚLTIMO PEDIDO

Eu não tiro da lembrança

Meu tempo de meninice.

Mamãe com sua meiguice,

Aumentando minha esperança.

Com muito zelo e carinho,

Colocou-me no caminho,

Que pouca gente trilhou.

Esse trabalho por ela feito,

Só faz quem traz no seu peito,

Muita coragem e amor.

Das mulheres que eu conheço,

Mamãe é a mais formosa.

É meiga é carinhosa,

Por ela eu tenho apreço.

A sua coragem eu contemplo,

Prá filhas serviu de exemplo,

Foi do meu pai foi companheira.

Hoje apesar da idade,

É amante da liberdade,

É a melhor conselheira.

Ouvindo mamãe declamar,

Versos da sua lembrança.

Eu carrego como herança,

A arte de improvisar.

Sertaneja sofrida e forte,

Não tem outra o seu porte,

Nem com o brilho facial.

Nunca vi tanta beleza,

Eu acho que a natureza,

Nunca mais faz outra igual.

Com muita fé e humildade,

Amor trabalho e resistência.

Com extrema paciência,

Enfrentou dificuldade.

Hoje a velhice dificulta,

Assim o seu sonho sepulta,

E um passado glorificado.

A sua grandeza é tanta,

Não se tornou uma santa,

Porque nasceu do pecado.

Nas mãos a fragilidade

Chegou através dos anos.

Enfrentou mil desenganos,

Hoje só resta saudade

Da sua luta sem par

Na dedicação ao lar

Que a velhice não encerra

Estou muito agradecido

Por Deus ter me oferecido

Uma mãe dessa na terra.

Quando os anjos a chamar,

Para outra dimensão.

Será grande desolação,

Mais eu tenho que aceitar.

Mas, como Deus é poderoso,

Faz justiça é generoso,

Pedirei contritamente.

No lugar que ela for morar,

Deixe que eu vá habitar,

Junto dela novamente.

Irason Bezerra
Enviado por Irason Bezerra em 07/01/2012
Reeditado em 07/01/2012
Código do texto: T3427114