SOBERBA

Havia uma borboleta

De beleza sem igual,

E com uma vaidade

Bem acima do normal,

Todo dia desfilava

Pelos jardins do quintal.

E feliz, ela dizia:

- Quanta beleza, a minha!

Acho que eu sou princesa,

Ou até uma rainha!

Deus me deu tanta nobreza,

E tudo o mais que ele tinha!

Ela não tinha amigos,

Era muito orgulhosa!

E voava sobre as flores,

Fazendo-se de dengosa,

Se visse uma mariposa,

Dizia em versos e prosa:

- Que estás fazendo aqui,

Esquisita criatura?

Não vês que sou uma deusa,

E que ninguém te atura?

Eu sou pura elegância...

E tu és pura feiúra!

E assim ela vivia,

Fazendo-se de importante,

Parecendo um narciso,

Mirando-se numa fonte,

Pensava ser uma estrela,

Com certeza a mais brilhante!

Mantinha-se à distância

De pais, irmãos e parentes,

Tratava-os com frieza...

Era muito indiferente!

Não conquistava amores,

Era dura! Prepotente!

Certo dia, um velho sábio,

Morador nas redondezas

Por onde ela voava

Exibindo sua beleza,

Resolveu lhe dar conselhos,

Dizendo-lhe, com presteza:

- Formosa, borboletinha,

Eu sei que és na verdade,

Porém não sabes usar

Essa tua qualidade,

Deverias, pelo menos,

Ter um pouco de humildade!

Juventude, ó querida,

Passa leve como o vento!

Quando estiveres mais velha,

Sentindo as marcas do tempo,

Verás que não és mais bela,

Isso será um tormento!

Quando não fores mais bela,

Também não terás ventura,

Ao invés de vaidade,

Sentirás a amargura,

Na verdade, então serás,

Uma triste criatura!

A borboleta, ao sábio,

Não deu muita atenção,

Porém, logo foi tomada

De grande inquietação,

As palavras que ele disse,

Ficaram em seu coração!

Guardou aquelas palavras,

Somente por alguns dias...

Esqueceu e foi viver

Com bastante alegria!

As profecias do sábio,

Eram certas... Que agonia!

Um dia, certo rapaz

Vendo a borboletinha,

Toda linda, bem ligeira,

Alegre e sempre sozinha,

Disse, sem titubear:

- Aquela ali vai ser minha!

E então lhe jogou a rede,

Com uma vontade voraz!

Apesar de inteligente,

Livrar-se não foi capaz!

Hoje integra a coleção,

Daquele belo rapaz!

Moral da História:

Apesar da formosura,

Não desdenhe de ninguém,

Porque Deus lhe dá ventura,

Mas Ele tira também...

Melhor mesmo é ser feliz

Com aquilo que a gente tem!

Maria do Socorro Domingos dos Santos Silva

João Pessoa, 06/01/2012

este cordel foi escrito com base na fábula "A borboleta orgulhosa", de autor desconhecido, segundo informações constantes em HTTP.//poesiasefatos.blogspot.com

Mariamaria JPessoa Pb
Enviado por Mariamaria JPessoa Pb em 06/01/2012
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