Um cordelista da peste


Eu não queria expor
mas, vou ser bem fiel
aqui resolvi exaltar
a literatura de cordel
indicando como seta
a vida de um poeta
que pra ele tiro o chapéu

Vou contar, vou contar...

Assim que nasceu, o doutor
falou pra mãe inconteste
esse menino vai ser
um cordelista da peste
veja que seu buá buá buá
para o ouvido é um maná
um canto de ave campestre

Vou contar, vou contar...

Sua mãe falou, ô doutor
isso pra mim é uma dádiva
na minha barriga pulava
e eu ouvia que contava
as sílabas de um cordel
para mim era um troféu
que no meu ventre guardava

Vou contar, vou contar...

Ainda muito pequeno
fazia rimas em inha ou ão

Foi crescendo e na calçada
parado em contemplação
olhava a lua e as estrelas
via principes e princesas
aquecendo o coração

Vou contar, vou contar...

O sonho sempre fez parte
da vida, em casa ou na rua
Buscava uma forma de arte
vivia com a cabeça na lua
não se intitula cordelista
se curva e baixo a crista

aos que o cordel perpetua

Vou contar, vou contar...

O cordel é uma música
de suave entonação
não quero escrever em folheto
nem pendurar em cordão
Na era da computação
deixo aqui com emoção
essa forma de expressão

Vou contar, vou contar...

A poesia de cordel
exprime com lealdade
do povo ou da natureza

a tristeza ou a felicidade

embelezando o espírito
do popular ao erudito
leitor de qualquer idade






 

Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 02/01/2012
Reeditado em 03/01/2012
Código do texto: T3418816
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