AH TEMPO DANADO!

Segue devagar o tempo

mas firme e inexorável

levando minutos, horas,

taciturno, insondável,

a tudo indiferente

olhando sempre à frente

carrasco indesejável

Não tendo tempo de sorrir

o tempo não tem alegria

solitário, carrancudo,

tosco verso de poesia

segue na linha da brisa

solitário, não desliza,

doce e leve fantasia

Um risco traçado no ar

vagalhão do esquecido

folha seca pelos anos

um velho aborrecido

tempo é sujeito ranzinza

mares cobertos de cinza

um pária enlouquecido

Não há meio termo com ele

não gosta de dialogar

no seu mutismo crônico

frases não vão adiantar

insensível tal tirano

age como soberano

não podemos nos rebelar

Lá vai ele no seu rumo

nem um centímetro cede

na carreira dos seus dias

licença ele não pede

aos apelos insensível

esse abstrato risível

jamais a distância mede

Como chicote do vento

tsunami do destino

rajada de tempestade

horripilante felino

é víbora indiferente

um mistério indecente

imensa boca de sino

Esse pau de dar em doido

sem tempo, tempo chamado

por sábio tão conhecido

vezes amaldiçoado

arma que todos desejam

sonho que muitos almejam

é por alguns venerado

De modo que o tempo voa

ninguém tem tempo pra nada

o tempo se passa ligeiro

ganha tempo a namorada

pra quem tem tempo de sobra

ganhar tempo e mãos à obra

ter tempo pra passarada

Por que inventaram o tempo

esse monstro controlador?

Queria ser dono do meu

gastar tempo com meu amor

sem ontem, hoje, sem nunca

mas esse tirano trunca

os espasmos do meu ardor

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 28/12/2011
Reeditado em 18/01/2012
Código do texto: T3410048
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