Não aprendi a rimar na minha escola Mas carrego cordel no coração
Não aprendi a rimar na minha escola, mas carrego cordel no coração
Autor: Jozias Umbelino Leite
Sou poeta desde o dia em que nasci
Aprendendo a rimar com os menestréis
Me debrucei no romances de cordéis
Nunca mais essa arte eu esqueci
Só de ouvir os poetas - aprendi!
A medida da minha entonação
Do cordel hoje tenho uma noção
Igual um jogador domina a bola
Não aprendi a rimar na minha escola
Mas carrego cordel no coração
Aprendi a viver desde bem cedo
Nos encalços do amor e da vitória
Estou sempre na luta atrás da glória
De perder nunca tive nenhum medo
Mas sabia que atrás de um segredo
Se escondia o cordel e a canção
E como sou um filho do SERTÃO
Sempre encho de versos a sacola
Não aprendi a rimar na minha escola
Mas carrego cordel no coração
Se alguém me chamasse de poeta
Bem ligeiro eu ficava enfezado
Eu batia em quem tava ao meu lado
Sem pensar se era coisa certa
Eu só tenho uma rima irrequieta
Que no fim não denota emoção
Um poeta não pensa em abrir mão
De rimar ao improviso da viola
Não aprendi a rimar na minha escola
Mas carrego Cordel no coração
Desde que o mundo surgiu pro universo
A poesia sublima a natureza
Ela enche o mundo de beleza
Nos confins dum bioma submerso
Na melodia contida em um verso
Estribilhado no som duma canção
O cordel é a poesia do Sertão
E a melodia é a cantoria de viola
Não aprendi a rimar na minha escola
Mas carrego cordel no coração