A pomba preta

A pomba preta

Jorge Linhaça

Hoje uma pomba preta

com a pata machucada

( a pata era a direita )

Na janela eu vi pousada

Voou pra perto do espelho

e ali permaneceu

apeoximei-me com zêlo

E ela bem me recebeu

Fiz carinho e examinei

A pata sem força pra nada

Na sua cabeça encontrei

o sinal de uma pancada

A pomba ficou inquieta

Sentindo as asas prendidas

mesmo eu lhe fazendo festas

Temeu pela sua vida

Pus a pomba na janela

e ela ali permaneceu

Dei-lhe água na tijela

Mas não vi se a bebeu

Ainda está lá quietinha

Olhando triste ao redor

Sei que a pomba não é minha

mas me apena a sua dor

Quanto tempo vai ficar?

Não saberia eu dizer

Uma hora ela vai voar

E por certo me esquecer

Que seja a pomba bem-vinda

enquanto quiser cá ficar

Que seu destino ela siga

Quando as forças encontrar

De nada e ninguém somos donos

compartilhamos momentos

Mas em gaiolas os pomos

matamos os sentimentos

Salvador, 18 de dezembro de 2011

contatos com o autor

anjo.loyro@gmail.com