O ESCRAVO E O CAFÉ

Foram duas preciosidades

Na soberania nacional

Patrimônio da sociedade

Do Brasil colonial

Com imensurável valor

Seu trabalho e humildade

O escravo nobre cultivador

Do café símbolo de sua cor

 

Injustiçado na maior judiação

Plantando montes e serra

Enriquecendo seu patrão

O escravo lavrou terra

Nas lavouras de café

Maltratado sem horário

Como um animal qualquer

Escurraçado sem salário

 

Mal a aurora sinalizava

Nas janelas da senzala

O chicote estalava

Explodindo sua tala

Pobre preto punha de pé

Empurrado pelo feitor

Pra lavoura de café

Ia o cordeiro sofredor

 

Antes de o sol nascer

Já de roupa molhada

Imaginado no escurecer

Pra encerrar sua jornada

Nos maus tratos do sinhô

Que não tinha coração

Só queria seu suor

E a sua produção

 

O tradicional café brasileiro

Fruto de muito sofrimento

De pai juão e preta Maria

Enriquecendo os fazendeiros

Feudais esnobando fidalguia

Cruéis sem dó e sem piedade

Sem imaginar que um dia

Viria a tão sonhada liberdade

 

Proclamada a abolição

Vagando de sul ao norte

Sem rumo sem direção

Atirados a própria sorte

Ao relento sem um leito

Objetos do descaso

Enfrentando o preconceito

Caminheiros do acaso...!

 

 

 

 

 

 

 

 

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 15/12/2011
Reeditado em 04/11/2023
Código do texto: T3389990
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