O ESCRAVO E O CAFÉ
Foram duas preciosidades
Na soberania nacional
Patrimônio da sociedade
Do Brasil colonial
Com imensurável valor
Seu trabalho e humildade
O escravo nobre cultivador
Do café símbolo de sua cor
Injustiçado na maior judiação
Plantando montes e serra
Enriquecendo seu patrão
O escravo lavrou terra
Nas lavouras de café
Maltratado sem horário
Como um animal qualquer
Escurraçado sem salário
Mal a aurora sinalizava
Nas janelas da senzala
O chicote estalava
Explodindo sua tala
Pobre preto punha de pé
Empurrado pelo feitor
Pra lavoura de café
Ia o cordeiro sofredor
Antes de o sol nascer
Já de roupa molhada
Imaginado no escurecer
Pra encerrar sua jornada
Nos maus tratos do sinhô
Que não tinha coração
Só queria seu suor
E a sua produção
O tradicional café brasileiro
Fruto de muito sofrimento
De pai juão e preta Maria
Enriquecendo os fazendeiros
Feudais esnobando fidalguia
Cruéis sem dó e sem piedade
Sem imaginar que um dia
Viria a tão sonhada liberdade
Proclamada a abolição
Vagando de sul ao norte
Sem rumo sem direção
Atirados a própria sorte
Ao relento sem um leito
Objetos do descaso
Enfrentando o preconceito
Caminheiros do acaso...!