TARDES DE OUTRORA
O por do sol em minha terra
É um momento fenomenal
Quando ele mergulha na serra
Com sua dimensão boreal
Ao apagar sua intensa luz
As silhuetas vão se acabando
E no crepúsculo lus-cafuz
As sombras vão se adentrando
Aos bandos rumo ao cerrados
A buscar seus ninhos distantes
As aves deixam os banhados
Nas alturas voam sobre os montes
É o momento de rara beleza
A brisa carregando os perfumes
Exalados pela mãe natureza
Indo escoltado por vaga-lumes
Carregada de pólen silvestre
Ela vai fecundando as flores
Tornando mais fértil o agreste
Produzindo variados sabores
E nesta automatização natural
No meio do nada me perdi na escuridão
Sentado no cocho de um curral
Mergulhado em plena solidão
No mais profundo silencio
A vislumbrar o imenso infinito
Imaginando como é belo e intenso
O poder de nosso Deus bendito
Da sublime e divina criação
Não há um quadro mais bonito
Capaz de comover um coração
Apático nesta terna calmaria
Ouvindo murmurar no regato
Os Cristais da água que escorria
Rolando pedras criando formato
Pude ver num clarão distante
Risonha encantada e bela
Beijando prados e montes
Com a beleza de sua auréola
Espantando o mito da escuridão
Com os encantos de sua magia
Desenhando formas pelo sertão
Periciada por estrelas, a lua surgia
Banhando de luz as ribeirinhas
Colocando em fuga os vaga-lumes
Deixando a brisa a vagar sozinha
Levando com ela apenas perfumes
Neste lindo boreal sertanejo
Os últimos reflexos do sol
São saudosas metáforas aonde eu vejo
Carrosséis em plumas no arrebol
Nos cirros e cúmulos desenhados
Trazendo-me doces lembranças
Conduzindo-me de novo ao passado
A navegar no meu mundo criança...!