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POR CAUSA DA NAMORADA
Odir Milanez
Eu tentei beber assim
de forma bem moderada.
Tentei, mas, pobre de mim!
não me liguei à parada.
A bebida era aguardente.
Tomei uma e fui em frente
por causa da namorada!
Uma tal de Serra Branca,
de tampinha enferrujada,
descia, de forma franca,
pela goela ressecada,
atendendo a minha mente.
Tomei uma e fui em frente
por causa da namorada!
A corda de goiamum
logo se viu abalada.
Eram três doses por um!
Cana, crustáceo e mais nada
desejava ter presente.
Tomei uma e fui em frente
por causa da namorada!
Foi quando o mundo girou
da mesa até a calçada!
O meu dinheiro acabou,
me tiraram na porrada,
tirando também um dente!
Tomei uma e fui em frente
por causa da namorada!
E o bodum, a inhaca,
a cuca desconjuntada,
as bochechas de babaca,
quando, ao fim da madrugada,
vi-me em casa novamente?
Tomei uma e fui em frente
por causa da namorada!
Triste a ressaca moral!
Nossa memória apagada,
sem consciência do mal,
da parvulez praticada
na demência de um demente!
Tomei uma e fui em frente
por causa da namorada!
O meu corpo ainda sente
desejos duma tragada.
Mas minha boca, temente
da dentadura truncada,
não bebe mais, finalmente!
Tomei uma e fui em frente
por causa da namorada!
Pelos santos dos bebuns,
pela sena acumulada,
para a tristeza de alguns,
minha goela está fechada!
Sou abstêmio doente!
Tomei uma e fui em frente
por causa da namorada!
JPessoa/PB
07.12.2011
oklima
Sou somente um escriba que escuta a voz do vento e o versa versos d'amor... |