MARICOTA QUER RICOTA
MARICOTA QUER RICOTA
Jorge Linhaça
Maricota que ricota,
mas não a sabe fazer,
nem doces em compota,
como então há de ser?
Fica esperando à porta
a tal ricota aparecer.
vai à casa da Tonica,
ve a ricota na panela,
toda ouriçada fica ,
quer a ricota pra ela,
os olhos então estica,
para a receita dela.
Copia pois a receita,
meio que às escondidas,
no bolso da saia ajeita,
a burla já coseguida,
sai pois toda satisfeita,
feliz e alegre da vida.
Chama gente para ajudar,
a preparar a iguaria,
prepara bem o lugar,
convida outras vizinhas,
para a ricota provar,
festejando por todo o dia.
Mas a receita reconhecem,
e avisam paraa Tonica,
as verdades aparecem,
sem escape então ela fica,
de casa enfim desaparece,
com ares de mui aflita.
O seu fiel escudeiro,
assum então a panela,
com ares de justiceiro,
promete por fim à quirela,
e ordem no pardieiro,
numa grande esparrela.
Promete mudar a receita,
contratando cozinheiros,
alega ser pura desfeita,
de alguns interresseiros,
diz ser puro casto e santo,
patrono do amor verdadeiro.
Mas não se deixam cegar,
nem por a mão em vespeiro
os que sabem enxergar,
por detras do rosto faceiro,
o que anda a engendrar,
esse grande embusteiro.
Maricota foi ao pote,
com ânsia exagerada,
agora fica dando fricote,
por que foi desmascarada,
alegando não ter sorte,
sentindo-se a difamada.
Quem acha ser muito forte,
esquece que nesta vida,
se cava a própria morte,
ou se causa muita ferida.
Se a verdade não importa,
fique a honra destruida!