MANÉ É MANÉ
Vim disposto à fazer rima
Não me importa com o quê
Hoje a porca torce o rabo
Hoje a coisa vai feder
Tô mais liso que quiabo
Quem duvidar, paga e vê.
Não tenho e nem quero ter
A fama de Lampião
Nem quero eu ter a unha
Igual a do Zé do Caixão
E nunca vou ter alcunha
Que teve Davi e Sansão!
Arrasto a sola no salão
Com o forrozão do Gonzaga
E se a coisa ficar feia
A luz do salão nóis apaga
Quem mexe com mulé alheia
Sente o aço da adaga.
Quem bebe comigo não paga
Quem rima comigo não ganha
Se tu arrumar uma briga
Comigo você não apanha
Cabôco que faz intriga
Lhe arranco a sua entranha.
Mulé bonitinha me assanha
Onde ela for tô atrás
Com 10 minutinhos já vejo
Se ela o meu tipo faz
Loguinho abraço e beijo
Meu desejo ela satistaz.
Eu já estive em cartaz
Em locadora e cinema
Era mocinho e bandido
Arranjo e resolvo o problema
Se tu não tiver convencido
Te levo e te mostro o sistema.
Se tu conhecer meu esquema
Você acharás que sou louco
A faca que uso é sem ponta
Mas não me deixa no sufoco
Ninguém por aqui me afronta
Que eu rimo até ficar rouco.
Eu chuto tijolo e côco
E chuto até bola de aço
Nunca conheci na terra
Alguém me aguente no braço
Só entro pra vencer a guerra
No sertão sou rei do cangaço.
Se eu quiser também faço
Igual cantador Zé Limeira
Não sou cantador embrulhão
Na enxada eu sou arueira
Não descuido da plantação
Nem tô eu para brincadeira.
Cordel só faço de primeira
Segunda, terça ou domingo
Se tu me falar o contrário
Certeza que um dia me vingo
Nem mesmo pastor ou vigário
Me fica aqui com chorumingo.
Não me amoleço com gringo
Não se faça de meu amigo
Não me apunhale na costa
C"a faca lhe furo o umbigo
E se eu ganhar a aposta
Você pagará o castigo.
Te trago para o meu abrigo
E vamos fazer uma festa
Pra ti eu tiro meu chapéu
Por ser cabra bão da mulesta
Rimamos, fazemos cordel
Pras bandas de Alta Floresta!