DESABAFO

Somente você poesia

para ouvir meus lamentos

extravasar angústias

agasalhar meus tormentos

dar-me um ombro amigo

ficando triste comigo

mimar-me nesses momentos

Tão constante seu alento

seus abraços me consolam

quando a tristeza me chega

suas rimas me embalam

mergulho na fantasia

me acena a alegria

sombras não me apavoram

Seu regaço é meu refúgio

tudo digo para você

grito alto, desabafo

falo sem medo de morrer

rasgo as melancolias

as angústias fugidias

então consigo esquecer

Quase afogado na dor

que por ela me atinge

mormente nesse instante

em que o poeta não finge

essa tábua de salvação

no formato de sua mão

tal amargura restringe

Mesma boca beija e morde,

por que poesia tal horror

por que tudo se vê fugaz

por que se esconde o amor

por que o coração padece

por que o carinho esquece

que não deve rimar com dor?

Idealiza-se tudo

estando enamorados

forma-se céu cá na terra

pombinhos apaixonados

súbito vem o estremecer

logo surge o esmorecer

e ficamos desamparados

Com quem então desabafar

Senão no seio da poesia?

A quem procurar abraçar

Que não os traços da magia?

Como lidar com tristeza

Quando morre a fortaleza

De toda e qualquer alegria?

Só você, então, poesia

com minha dor enternece

recheada de ternura

já de mim se compadece

por isso que lhe procuro

qualquer rima não censuro

quem ama nunca esquece

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 04/12/2011
Código do texto: T3370760
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