TEM MUITO TIPO DE CARA NA BOCA DESSE MEU POVO

Outro dia me peguei

Cochilando e já pensando

Em ditames populares

Que findaram me levando

Pra vários nomes de caras

Que o meu povo ia chamando

Tinha o cara amacacado

Que era o cara de sonhin

Tinha o cheio dos abusos

Cara de dar farnesim

Tinha o cara de jumento

Que não comia capim

Cara cheia de buraco

Cara de areia mijada

Cara lá do fim da feira

Cara de manga amassada

Tinha mulher desatenta

Com cara de abestalhada

Pra cara cheia de rugas

Maracujá amassado

Cara triste pelos cantos

Cara de cão desprezado

Para o moço mais jeitoso

Tinha a cara de veado

Pra cara feia amarrada

Foi comeu e não gostou

Cara mostrando arrepio

Cara de quem não cagou

Pra cara toda do contra

Cara de quem mal amou

Cara cheia de cinismo

Foi chamada cara lisa

Para a cara maltratada

Chamou-se cara de pisa

A cara esticada e reta

É a que botox alisa

Para a cara monstruosa

Era cara de dar medo

Para a cara mais bicuda

Cara de limão azedo

Para a cara mais inchada

A de quem não dormiu cedo

Para o que não vive em casa

Botou-se cara de rua

Com a cara arredondada

Chamou-se cara de lua

Com cara pontiaguda

Surgiu a cara de pua

Sendo o cara muito sonso

Veio a cara de fingido

Rosto enrugado dos lados

Foi a cara do franzido

Rosto cheio de cabelos

Cara de ralo entupido

Para a cara indiferente

Chamou-se cara de porta

Pra displicência mostrada

Cara foi de mosca morta

A cara bem melecada

Tornou-se cara de torta

Pra cara muito afilada

Falou-se em cara de prego

Para o cara atrapalhado

Deu-se a cara de nó cego

Vendo a cara do sovina

Cara de “tenho mas nego”.

A cara muito disforme

Foi dita cara de jaca

Cara de mulher vadia

Chamou-se cara de vaca

A uma cara afiada

Tratou-se cara de faca

Pra careta atravessada

Cara de cu de calango

Pra cara em riso dançante

Ditou-se cara de tango

Já num boiola amostrado

Criou-se a cara de frango

Para um cara apoquentado

Cara foi de cão raivoso

Havendo o cara insistido

A cara foi de teimoso

Com cara cheia de espinha

Cara foi dito espinhoso

Para o cara estarrecido

O nome é cara de tacho

Pra quem é brabo deveras

Fala-se em cara de macho

Pra aquele que espana tudo

Dá-se a cara de penacho

Para quem ri facilmente

Diz-se cara de sorriso

Para quem muda a expressão

Vem a cara de improviso

Quem pergunta muito o preço

Esse tem cara de liso

Sendo o cara amatutado

Tem cara de arranca “tôco”

Não ouvindo quase nada

Esse tem cara de mouco

Tendo olhares dispersivos

Diz-se ter cara de louco

A moça sofisticada

Tem cara de patricinha

Quem toma de dose em dose

Vira cara de caninha

Tendo o rosto encalombado

Chama-se cara de pinha

Quem só vive no boteco

Tem cara de botequeiro

Pro “se me chamar eu vou”

A cara é de chicleteiro

E o bebedor de cachaça

Tem cara de cachaceiro

O cara que guarda merda

Tem a cara de pinico

Quem passa muita vergonha

Cara de quem paga mico

Sendo muito bochechudo

É o próprio cara de Quico

Sem expressão facial

O cara é cara de louça

O cara de traços finos

Diz-se ter cara de moça

E se o cara é fofoqueiro

Cara de “ninguém nos ouça”

Cara tensa e entristecida

Tem o cara de chorão

Quando a cara é horrorosa

Cara é de bicho papão

Mijando de vez em quando

O cara é cara mijão

Cara com corte no meio

Chamou-se de pão francês

Mas sendo a cara achatada

Foi cara de pequinês

Tendo olho mais apertado

Foi cara de japonês

Pr’uma mocinha atirada

Deu-se a cara de galinha

Pr’o garoto sarará

A cara foi de fuinha

Aqui findo e não me incluo

Pois essa cara é só minha!.....