CANTIGAS
CANTIGAS
Eu plantei uma roseira,
veio a formiga e comeu.
Mil versos fiz, que besteira,
você, ausente, não leu.
Trago a mágoa a vida inteira,
você, talvez, me esqueceu.
Sou simplesmente na vida
um poeta sonhador,
mas nunca usei despedida
como desfecho de amor.
Guardo no peito a ferida,
guardo a tristeza e a dor.
A ventania que agita
as folhas do arvoredo,
traz a lembrança que excita,
traz o tédio, traz o medo,
traz a saudade que irrita,
trazendo a morte mais cedo.
Quando é cheia a lua escreve
a poesia no céu,
e o poeta, então, se atreve
transportá-la pro papel.
Noivo da lua ele deve
sorver a lua de mel.
Lá no galho, o passarinho,
tem medo do caçador.
Bem distante do carinho,
tão longe do meu amor,
o medo vem, de mansinho,
perturbar o trovador.
Quando, no céu, raia o dia,
canta alegre a passarada.
Quando, afastando a alegria,
vem a saudade da amada,
eu transporto pra poesia
minha vida apaixonada.
Felicidade na terra,
como é difícil encontrar!
Na fantasia que encerra
uma ilusão singular,
eu imagino, na serra,
estar pertinho do mar.
Quando eu choro na poesia
as minhas mágoas de amor,
toda a minha alma irradia
essa tristeza, essa dor
que busca a filosofia
de um coração sem calor.
Quando, cansado, adormeço,
do meu quarto, à escuridão,
minh’alma cai ao tropeço
nas mágoas do coração.
Voa, do sono ao começo,
voa buscando a amplidão.
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Recomendo, para quem gosta desse estilo de poesia, acessar a página do poeta EDUARDO MENDONÇA e ler o cordel dos poetas ONILDO BARBOSA e CLÓRIS ANDRADE, "LAMENTO DE UM JURITI". É um trabalho realmente bonito e emocionante.