CANTIGAS

CANTIGAS

Eu plantei uma roseira,

veio a formiga e comeu.

Mil versos fiz, que besteira,

você, ausente, não leu.

Trago a mágoa a vida inteira,

você, talvez, me esqueceu.

Sou simplesmente na vida

um poeta sonhador,

mas nunca usei despedida

como desfecho de amor.

Guardo no peito a ferida,

guardo a tristeza e a dor.

A ventania que agita

as folhas do arvoredo,

traz a lembrança que excita,

traz o tédio, traz o medo,

traz a saudade que irrita,

trazendo a morte mais cedo.

Quando é cheia a lua escreve

a poesia no céu,

e o poeta, então, se atreve

transportá-la pro papel.

Noivo da lua ele deve

sorver a lua de mel.

Lá no galho, o passarinho,

tem medo do caçador.

Bem distante do carinho,

tão longe do meu amor,

o medo vem, de mansinho,

perturbar o trovador.

Quando, no céu, raia o dia,

canta alegre a passarada.

Quando, afastando a alegria,

vem a saudade da amada,

eu transporto pra poesia

minha vida apaixonada.

Felicidade na terra,

como é difícil encontrar!

Na fantasia que encerra

uma ilusão singular,

eu imagino, na serra,

estar pertinho do mar.

Quando eu choro na poesia

as minhas mágoas de amor,

toda a minha alma irradia

essa tristeza, essa dor

que busca a filosofia

de um coração sem calor.

Quando, cansado, adormeço,

do meu quarto, à escuridão,

minh’alma cai ao tropeço

nas mágoas do coração.

Voa, do sono ao começo,

voa buscando a amplidão.

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Recomendo, para quem gosta desse estilo de poesia, acessar a página do poeta EDUARDO MENDONÇA e ler o cordel dos poetas ONILDO BARBOSA e CLÓRIS ANDRADE, "LAMENTO DE UM JURITI". É um trabalho realmente bonito e emocionante.

Gilson Faustino Maia
Enviado por Gilson Faustino Maia em 26/11/2011
Código do texto: T3357748
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