SAGA DOLORIDA
Me tiraram da minha terra
E me levaram pra chão estrangeiro
Me amarraram e me jogaram num porão
De um tal de navio negreiro
Me venderam para um homem bravo
Onde passei a trabalhar como escravo
Bem distante no território brasileiro.
Junto com outros pretos desvalorizados
Me obrigaram em dificeis situações
A comida era um tipo de lavagem
E trabalhava em más condições
Por qualquer coisa já era castigado
Já tinha até um tronco preparado
Onde os castigo tinham sucessívas repetições.
Naquele meio estava eu como um negro
Assistindo e sendo um também castigado
Ouvia os gritos de um reitor maldoso
Quando pegava um pra ser judiado
Debaixo de sol e chuvas não tinha hora
Qualquer coisinha o cara de pau ignora
Todos nós passava por mal bocado.
As vezes uma negra ainda menor
Eram escolhidas para seus caprichos sagaz
Naquela senzala sercada por homens armados
Os capangas vigiavam sem dar um pouco de paz
Na fazenda todos trabalhavam como animal
Era espancados também no cafezal
Era sofrimento por demais.
Hoje estou contando essa história
Onde muitos não sobreviveram pra contar
Apesar de eu estar bem velhinho
De muita coisa ainda consigo me lembrar
Sobreviví à tantos maus feitos
Hoje estou cego do olho direito
Bendita foi aquela lei que chegou pra nos salvar.