A HISTÓRIA DE MARIA DEGOLADA - Segunda parte
Não se faz sexo sozinho
ao menos o aconchegado
José queria Maria
com seu corpo arretado
lábios de mel de abelha
mechas louras na orelha
doce sorriso dourado
Desejava possuí-la
seus instintos satisfazer
gozar do seu corpo lindo
as delícias do prazer
só precisava combinar
no ouvido dela falar
pra ela faltava dizer
Se Maria não quisesse
ia valer a tentativa
quem sabe ela topava?
Ia comer essa diva
estava longe o Bicudo
esse soldado chifrudo
o traído da narrativa
Contudo, Maria topou
quem entende de emoção?
Ela tinha seu amante
e enveredava na traição
no quedar do sentimento
aproveitand'o momento
esfaqueou-lhe o coração
Ali mesmo no matagal
ela se entregou a José
transaram feito animais
a cotovia com o jacaré
Chapeuzinho com Lobo Mau
margarida com pica-pau
depois, o esperto deu no pé
Farto, de barriga cheia
comeu, jogou a casca fora
após transar com Maria
José, feliz, foi embora
vantagem iria contar
curtiu a mulher do militar
tudo estava bem agora
Quem entende as mulheres?
Maria é que contou vantagem
destratava seu Bicudo
demonstrando malandragem
"melhor era o paisaninho
(dizia com um risinho)
com quem fiz uma viagem"
Escutava quem quisesse
falava abertamente
do namorado zombava
irritante, cruelmente,
na frente de todo mundo
de modo seco, profundo
que mente suja, doente!
O namorado indignou-se
pela falta de respeito
além de tê-lo traído
destratá-lo desse jeito
que diabo de mulher essa!
Trai e insulta à beça
denegrindo seu conceito
Mas o pior estava por vir
Maria tomou dum ferro
desses de fazer ferrolho
avançou num grande berro
pra junto do namorado
deu um golpe no coitado
por aqui quase encerro
A história continua
o golpe dela não acertou
ele puxou uma faca
todos gritaram de pavor
procuraram apaziguar
mas não ia adiantar
a guerra bruta continuou