Ode à mudança do nome de Juazeiro do Norte para Juazeiro do Padre Cícero

Ode à Mudança de Topônimo de J. do Norte

para Juazeiro do Padre Cícero.

Autor: José Rodrigues Filho

Foi em Tabuleiro Grande

Onde tudo sucedeu

Nas terras dos “Kariri”

Um milagre aconteceu

Fazendo do Ceará

O Estado mais popular

Que este país conheceu.

Era o século dezenove

Dito da era Cristã

O império ainda reinava

Com sua política vã

Quando surgiu a semente,

Na forma de Penitente,

Trazendo um novo amanhã.

Bem ao Sul do Ceará,

No sopé do Araripe,

Natureza e paraíso

Formaram uma tripartite,

Pois na cidade de Crato,

Nasceu aqui disso trato

Numa pequena suíte:

01

Uma criança mimosa

De olhos azuis cor do mar

Trazendo no coração

O dom de ao povo pregar.

Ao completar dezesseis

Falou com toda altivez:

Padre! Vou-me ordenar.

No Brasil daquele tempo,

E muito mais no Nordeste,

O povo era oprimido

E virava “cabra da peste”.

Antônio Silvino é exemplo,

Lampião! Também contemplo,

Rei da caatinga ao agreste.

Mas em sua maioria

O povo a reza buscava

Tangido de onde vivia

Pelos sertões caminhava

Em busca de um paraíso,

Pois o dia do juízo

Pra todos se aproximava.

Muitos, desses penitentes,

Procuraram se arranchar

Neste Tabuleiro Grande,

Pensando aqui se firmar

Já que havia a Capelinha

E da cidade vizinha

Vinha um Padre celebrar.

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Medravam próximos à Capela,

Três frondosos juazeiros,

Juntos, em forma de cruz,

Sem espinhos verdadeiros.

Depois de se analisar

Resolveu-se então mudar

O nome de Tabuleiro.

Para o de Juazeiro,

Já que dava sombra boa

Aos que ali se arranchavam

Fosse boa ou má pessoa

Que obedecesse ao Império,

Pois esse era o critério

Que a “Corte” outorgava em loa.

A Vila de Juazeiro

Foi por Deus abençoada,

Quando chegou pra morar

Naquela terra sagrada

O Padre Cícero Romão

Que após Revelação

Fez ali sua morada.

Tratou de colocar ordem

Em toda Comunidade,

Proibindo maus costumes,

Incitando a caridade.

Curando os necessitados

E aos bem-aventurados

Propondo a Eternidade.

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A Vila, muito cresceu,

Logo passou a Distrito,

Mas o governo Cratense

Mostrava-se muito aflito;

Temendo perder a terra,

Se o bom cabrito não berra!

Crato partiu pra o conflito.

Depois de escaramuças,

Como era natural,

Juazeiro libertou-se

Do jugo municipal.

Já a República mandava

E o Padre Cícero orava

Cheio de glória e moral.

Mil novecentos e onze

Ano da Libertação

Dia vinte dois de julho

Ocorre a nomeação:

Juazeiro vira cidade,

Dela passa ser Alcaide

O Padre Cícero Romão.

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Pra que isso acontecesse

Muitas pessoas ajudaram.

Floro e José Marrocos

Em muito colaboraram;

Tendo o jornal “O Rebate”

Dado início a o embate

Que as circunstâncias criaram.

O Padre Alencar Peixoto

E o Coronel Luís Pequeno

Deram contribuição

E escaparam do veneno;

Com um vinho adulterado

Marrocos é envenenado

Partiu do mundo terreno.

Porém há uma controvérsia

Na alusão desse fato;

Uns falam que aconteceu

Outros falam que é boato:

Cícero ficou desgostoso

Vendo seu primo amoroso

Partir pra um plano mais alto.

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Está fazendo cem anos

Que a Independência ocorreu

E o nome de Juazeiro

Por todo Brasil correu,

Mas pras bandas da Bahia,

Outro Juazeiro havia

E alguma confusão deu.

Pois foi em quarenta e três

Do século vinte, passado,

Que o nosso Juazeiro

Começou a ser chamado

De Juazeiro do Norte,

Nome que lhe trouxe sorte,

Mas hoje está defasado.

Juazeiro da Bahia

E Juazeiro do Norte,

Assim se diferencia

Essas cidades de porte,

Porém nosso Juazeiro,

Hoje, terra de Romeiros

Carece de um nome forte.

Estando localizada

Bem ao Sul do Ceará,

Um Estado do Nordeste,

Motivo algum já não há

Para se enquadrar no Norte,

Já se ouve um brado forte

Pra o topônimo mudar.

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Juazeiro do Padre Cícero:

É o nome que o povo quer.

Decidido em plebiscito

Votaram homem e mulher.

Pelo seu aniversário

Louvando este Centenário:

Não muda se não quiser.

Juazeiro tira o Norte

E Padre Cícero coloca,

Como reconhecimento

A quem lhe mudou a rota.

De terra de baderneiro

Para terra de Romeiro.

Outra proposta é lorota!

Juazeiro do Padre Cícero!

Assim será doravante.

A cidade vai crescendo

Linda, formosa e pujante,

Na lira do Menestrel

Nesses versos de Cordel

Te saúdo radiante.

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Dizendo adeus para o Norte,

Volto ao Sul do Ceará.

Louvando Teu Centenário

Sei que muito vai mudar,

Pois Padre Cícero é um nome

Que a inveja não consome

E mais progresso haverá.

Justamente o que faltava

Um nome mais altaneiro

Agradecendo a quem foi

Zeloso, hábil e obreiro,

Estandarte da vitória

Ícone da fé e da glória

Redentor de Juazeiro.

O “Ziziphus joazeiro”,

Deixando de ser do Norte,

Orgulhoso vai fagueiro

Procurando melhor sorte:

Acolhendo mais Romeiros,

Dando apoio aos Forasteiros

Recriando um povo forte.

E lá do alto do Horto,

Cícero sua gente vela,

Invoca novos milagres;

Constrói a cidade bela,

Esperando o Centenário

Rogando que o Aniversário

Ostente os Cem Anos dela.

FIM - Amélia Rodrigues-Ba. 07/05/2011.

José Rodrigues Filho
Enviado por José Rodrigues Filho em 09/11/2011
Reeditado em 17/09/2015
Código do texto: T3326250
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