TRAQUINAGENS DE MENINO
Em estilo de cordel
De modo bem cristalino
Vou narrar só presepada
Projetada por menino
Do tipo que nós chamamos
Esperto, sonso e traquino.
Quem nunca no mundo viu!
Pai e mãe passar vergonha
Ao ponto de cada qual
Ser visto como pamonha
Por danação de menino
Porque fez coisa medonha.
Já vi garotinho dando
Grandes gritos infernais
Pedindo coisa impossível
Fora do alcance dos pais
Que quanto mais eram brandos
O guri gritava mais.
Passo o fato com detalhes
Assim como relatei
Pois em relação ao caso
Não foi algo que escutei
Na verdade estou contando
Tudo que presenciei.
Desta feita aconteceu
De um garoto que pedia
Para seu pai comprar algo
Sem a ter a dita quantia
Então o filho durão
Queria porque queria.
Como não estava em casa
Não tinha alguém conhecido
Para poder atendê-lo
Pondo um fim neste alarido
Do menino que chorava
Porque não era atendido
O pedido do garoto
Findou virando debate
Pelo pai dizer: não tenho
Daí vinha o disparate
Provocado pelo filho
Pedindo, um tal chocolate.
O pai dizia: meu filho
Quando tivermos chegado
Em casa poderei dar
O seu achocolatado
Porque mesmo sem dinheiro
Eu posso comprar fiado.
Aqui não será possível
Porque ninguém me conhece
Mas lá qualquer chocolate
Eu pedindo alguém fornece
Filho espere que já, já
Nosso transporte aparece.
Basta o carro aparecer
Que logo vamos embora
Lá compro seu chocolate
Do bom que você adora
Mas o garoto teimoso
Declarou: eu quero agora.
O menino deu um show
Que todo pessoal via
Enquanto, todo sem jeito
O seu pai permanecia
O garoto em plena rua
Dava cada gritaria.
Quando enfim foram embora
Apareceu gente, e tome
A falarem do guri
Que devia estar com fome
Já do seu pai criticaram
Chamando de tanto nome.
Outro causo aconteceu
Logo que vinha passando
Um policial na rua
Viu um garoto tentando
Para alcançar a sineta
Ele estava se esticando.
Com pena deste menino
Ligeiro lá foi o guarda
De modo gentil e doce
Levando na sua farda
Um monstruoso fuzil
Mais potente que espingarda.
Perguntou-lhe quer ajuda?
O menino falou: sim
Apontando a campainha
E pediu: toque por mim
Logo que nela tocou
De repente fez tlintlim.
De lá correu feito louco
O referido guri
Dizendo para o soldado
Agora fuja daí
Vão jogar água em você
Misturado com xixi.
Seguindo atrás deste tema
Muito firme nesta enquete
Vou apresentar mais uma
Ocorrência com pivete
Dentro deste segmento
Mostrando quem pinta o sete.
Na porta de seu Vavá
Foi bater um garotinho
Por sinal bem conhecido
Porque era seu vizinho
O fofinho do Renato
Chamado de Renatinho.
Bastou ele abrir a porta
O guri falou ligeiro
Senhor Vavá me permita
Entrar aí no seu terreiro
Para pegar uma coisa
Bem pertinho do coqueiro.
Este senhor disse: não
Se ajeitando desde já
Para pegar seu brinquedo
Mas perguntou seu Vavá
E desta vez o que foi
Menino que caiu lá?
Falou que foi sua flecha
Mas quanto ao lugar exato
Seu Vavá buscou saber
Foi quando disse o Renato
Ela está precisamente
Espetada no seu gato.
O fato que vem agora
Foca relacionamento
Mas devido uma criança
Pelo que fez no momento
Acabou com a alegria
Gerando constrangimento.
Após uma escola bíblica
Um pastor foi convidado
Para casa dum irmão
Seu amigo mais chegado
Pertencente a sua igreja
Um cidadão estribado.
Na cidade de Taquaras
Foi o lugar que se deu
O fato constrangedor
Quando o pastor atendeu
O convite concedido
Por este colega seu.
O pastor atendeu logo
Claro que ficou gostando
Até porque sua esposa
Há tempo estava pensando
Visitar seus pais, por isso
Ela estava viajando.
Na sala estava o pastor
Quando foi para a cozinha
Quem lhe tinha convidado
Aí veio a criancinha
Filho deste anfitrião
Dando aquela espiadinha
Estava numa poltrona
O reverendo sentado
Quando o dito garotinho
Com olhar arregalado
Para a face do pastor
Querendo vê-lo de lado.
Por permanecer assim
Fez o pastor perguntar
Para a dita criancinha
O que estava a procurar?
Olhando apenas seu rosto
Direto sem se cansar.
Por esta pergunta feita
O guri disse com gosto
Manifestando um pedido
Mostrando está bem disposto
Falou: estou procurando
Avistar seu outro rosto.
Ele confuso ficou
Por tudo que tinha ouvido
Requereu desta criança
Tornar isto esclarecido
Para também o pastor
Atender o seu pedido.
Este garotinho então
Da cidade de Taquaras
Disse que seu pai falava
Do pastor em casa, às claras
Ao dizer: meu pai falou
Que o senhor tem duas caras.
De menino foi mostrado
Cada atitude traquina
Bem apresentada nesta
Poesia cordelina
Que por cumprir seu dever
Com sucesso aqui termina.
Edson Neto