POETA DA MADRUGADA

Escrever na madrugada

Nem que seja taboada

Sempre na mesma toada

Tem que ter disposição

Não espera inspiração

Só pega seu instrumento

Expõe o seu sentimento

Nos oito pés a quadrão.

Ele deita e levanta

Sempre depois da janta

E afina a garganta

Pra fazer uma canção

De tristeza ou solidão

De amor ou amizade

Dos caipira ou da cidade

Nos oito pés à quadrão.

Seja menina ou macho

Cante alto ou cante baixo

Seja de penca ou de cacho

Sempre com animação

Eu digo e tenho razão

Poeta desenxabido

Num pode ser aplaudido

Nos oito pés à quadrão.

Eu lhe digo, meu senhor

Pra poder cordel compor

É preciso ter amor

Dentro do seu coração

Pra falar da emoção

Que na hora tá sentindo

Quase no sono caindo

Nos oito pés à quadrão.

Sendo o cordel ou trova

Arriscando leva sova

Da mulher que ainda é nova

Eu não digo palavrão

Caneta e papel na mão

Espero ser aprovado

Pelo meu povo adorado

Nos oito pés a quadrão.

E sse cordel foi escrito

D epois virou favorito

I magino ser bonito

L eio com satisfação

S agrado de campeão

O melhor que eu ja fiz

N as noites me faz feliz

N os oito pés à quadrão.