OS TEMPOS MUDARAM
OS TEMPOS MUDARAM
É triste, mas é verdade
a história que eu vou contar.
Também, pra quê inventar?
Não vejo necessidade.
Nos tempos da mocidade
tudo, tudo é diferente,
a gente é mais eloquente,
viaja mais pelo mundo;
quer viver em um segundo
tudo o que tem pela frente.
Mas já vi coisas na vida
que a gente nem acredita.
Vi mulher fazendo fita,
homem implorar na avenida
por atenção, por guarida,
por um pouquinho de amor.
Hoje não há mais calor,
tem muita gente na esquina,
troca-se fácil a menina,
é, o amor, enganador.
Mas, no passado, era feio,
era difícil encostar.
Não havia celular,
só cartas pelo correio.
Sempre tinha um irmão no meio,
mamãe, vovó ou titia.
Tudo o que a gente queria
era paz e liberdade,
mas só achava a saudade,
pra tema da poesia.
Com a ciência atrasada,
não havia a camisinha,
e quando a sorte não vinha
socorrer a garotada,
era uma vida encrencada
que se tinha pela frente,
uma barriga crescente,
cacetada ou casamento .
Um difícil entendimento
com sogro sempre exigente.
Hoje tudo é avançado,
há liberdade total,
DNA, coisa e tal...
Dá pra enrolar um bocado,
deixar a briga de lado
até tudo clarear.
Dá tempo até pra casar
com calma, tranqüilidade,
em paz, sem inimizade,
sem encrenca, sem rancor,
dizendo: foi por amor,
são coisas da mocidade.