O Cordel... Em oitavão... Pegando a deixa. Parte * I * Autor * Damião Metamorfose.
*
O Cordel é oriundo
De Portugal, tenho lido.
Mas cá nos confins do mundo,
No meu Nordeste querido.
Foi onde ele enraizou,
Rasgou o chão se fincou,
Cresceu e frutificou,
Mais que oitavão rebatido!
*
No meu peito Ele pulsou
E eu fiquei comovido.
Feliz porque hoje estou,
Carregando esse apelido
De poeta Cordelista...
Mesmo um aprendiz de artista
O troféu que se conquista,
Tem oitavão rebatido!
*
Amor a primeira vista,
Com o Cordel e eu tem sido.
Ele me fez analista,
De um verso bem construído.
É uma antiga paixão,
Que não me rende um tostão
Mas rende satisfação
Em um oitavão rebatido!
*
Entreguei meu coração,
Ao ilustre conhecido
O Cordel, e Damião...
De mão dada tem seguido.
Essa é a dieta santa,
Do café almoço e janta,
Hora declama, hora canta
Hora oitavão rebatido!
*
O Cordel que me encanta,
Tem o verso bem medido.
E o poeta decanta,
No estilo preferido.
Bom para a declamação,
Ou musicado em canção,
O Cordel é a perfeição
Feito oitavão rebatido!
*
Métrica, rima e oração,
Ajustado e com sentido.
Tem que causar emoção...
Pois só leio o escolhido.
Cordel é a poesia,
Com selo de primazia.
Primo irmão da cantoria
E do oitavão rebatido!
*
Meu Cordel de cada dia
Para ser bem aplaudido.
Tem perfeita sincronia
No seu contexto, embutido.
Pois sem metrificação,
Pode ter rima e oração,
Que o Cordel perde a emoção,
Sem oitavão rebatido!
*
A rima e a oração
De um Cordel bem redigido.
Gera imagens e ilusão,
Preto e branco ou colorido.
O Cordel quando é bem feito,
Deixa o leitor satisfeito
E atinge o elo perfeito
Do oitavão rebatido!
*
Cordel tem causa e efeito
Da denuncia ao divertido.
Também merece respeito,
Na forma que é escrevido.
Cordel bom não é vulgar,
Serve pra rir e chorar...
Cordel não permite errar,
Nem oitavão rebatido!
*
Num Cordel posso lembrar
Saudade do tempo ido.
Viajar sem precisar
Do meu canto ter saído.
Cordel é uma mensagem
Que me leva a uma viagem,
Onde eu não pago a passagem
No oitavão rebatido!