Cordel #062: PORQUE NO FIM VEM A MORTE QUE É A COISA MAIS CERTA DA VIDA.
Fui gerado e bem gestado,
Gestação bem sucedida,
Parido, trazido à vida,
Com carinho, bem cuidado,
Fui bem-vindo, bem amado.
Fui uma criança querida,
Sapeca, bem divertida,
Fui deixado à própria sorte.
Porque no fim vem a morte
Que é a coisa mais certa da vida.
Fui menino muito esperto;
Ler, o meu divertimento;
Queria conhecimento.
Aqui, ali, pois decerto,
Queria aprender o que é certo.
A inocência é ferida
Na confissão foi perdida;
Fraca a fé, fiquei sem norte.
Porque no fim vem a morte
Que é a coisa mais certa da vida.
Da inveja, vítima fui,
Calúnia, sofri horrores;
De graça me deram dores;
E o ânimo em mim rui;
E o sonho de mim exclui.
Meu pai e minha mãe querida
Sempre me deram guarida,.
Investiram em minha sorte.
Porque no fim vem a morte
Que é a coisa mais certa da vida.
Se perdido, ao que parece,
Tudo em meu viver estava,
Novo alento eu conquistava,
Pois a sorte não perece,
Quem não tenta não a merece.
E assim, nessa corrida,
Muita etapa foi vencida,
De pequeno ou grande porte.
Porque no fim vem a morte
Que é a coisa mais certa da vida.
E assim, sonhos realizados:
Plantei, construí, me casei
E também filhos gerei.
Sete livros editados.
E bênçãos pra todos lados.
Tenho a paz prometida
Ainda aqui nesta lida,
Pois Cristo é o meu suporte.
Porque no fim vem a morte
Que é a coisa mais certa da vida.
Não há rosas sem espinho.
Nem certeza sem verdade.
Sem qualquer banalidade.
Passei da água pro vinho.
Só Jesus é o Caminho.
Portal eterno, a partida.
Sendo a nossa despedida.
Ela é nosso transporte.
Porque no fim vem a morte
Que é a coisa mais certa da vida.