Os Nonatos, Almas Gêmeas do Repente

Autor: Marciano Medeiros

Eu vou falar nos Nonatos

Cantadores renomados

Que venceram desafios

Em numerosos Estados,

Mostrando a força dos gênios

Com versos modernizados.

Todos dois são preparados

Possuindo competência,

Os temas dos festivais

Cantam sem ter preferência,

Numa elegante linguagem

Repleta de inteligência.

Demonstram grande potência

E brilhantismo fecundo,

Seus atos nas cantorias

São falados pelo mundo,

Vivem fazendo repente

Com sentimento profundo.

Eles se chamam Raimundo:

Um é Costa e outro Neto,

Quando aparecem num palco

De gente fica repleto

Pra olhar os cantadores,

Mostrando estilo seleto.

1

Não existe um predileto

Para a grande multidão,

O povo se acostumou

Ouvi-los com devoção,

Cantando lindas estrofes

Que jorram do coração.

Peregrino do sertão

Raimundo Nonato Neto,

Desde quando era garoto

Metrificava correto

E hoje é considerado,

Um repentista completo.

Embora sofresse veto

Ele ganhava dinheiro,

As lembranças lhe marcaram

De modo bem altaneiro,

Quando preparou a mente

Nesse tempo pioneiro.

Este sublime guerreiro

É nobre paraibano

De Cachoeira dos Índios

Município soberano

E pra se tornar poeta,

Seguiu regime espartano.

2

Nasceu quase após um ano

Que seu nobre companheiro,

Em agosto de setenta

Veio a Terra o violeiro

Com pequena diferença,

O outro chegou primeiro.

Este caso é verdadeiro

Não tragam contestação,

Eles têm a mesma idade

Declaro sem confusão,

Nove meses entre os partos

Houve com exatidão.

Com temperamento irmão

Raimundo Nonato Costa

É filho do Ceará,

Improvisa porque gosta,

Nunca temeu desafio

De cantoria proposta.

Nessa jornada transposta

O cantador cearense

Fala em sua linda terra

De paisagem campestrense,

Santana do Acaraú

No solo nordestinense.

3

Este forte cearense

Nasceu em sessenta e nove,

Sendo a doze de novembro

O mês quando Deus promove,

A vinda do menestrel

Que a vizinhança comove.

Veio para que comprove

Potencial escondido

No Nordeste brasileiro,

Ele nunca andou perdido,

Mas encontrou seu destino

Por ser muito decidido.

Seu espaço é merecido

Chegou pra modernizar,

Os temas das cantorias

Resolveu reinventar,

Compondo lindas estrofes

De maneira singular.

Seu trajeto é invulgar

Formou-se em letras um dia,

Estudou com devoção

Numa gigante porfia,

Reteve muita cultura

E grande sabedoria.

4

Usa tudo em cantoria

Sente apoio angelical,

Captando inspiração

Dum jeito muito legal

Pra formular poesia,

Sublime e fenomenal.

Essa dupla sem igual

Teve encontro soberano,

Ainda em oitenta e oito

Naquele distante ano,

Os vates se conheceram

Em solo paraibano.

Sem precisar fazer plano

Chegando noventa e dois,

Resolveram formar dupla

Não foi antes, nem depois,

O sucesso entre Os Nonatos

Ligeiro se interpôs.

Mesmo enfrentando complôs

Duns grupinhos traiçoeiros

Continuaram lutando

No mundo dos violeiros,

Mais de duzentos troféus

Receberam os cavalheiros.

5

Todos vindos por primeiros

Lugares nos festivais,

Nem na “copa da viola”,

Eles temeram rivais,

Vencendo em dois mil e cinco

Com versos originais.

Dentre outras capitais

Recife chegou primeiro,

Em seguida triunfaram

Lá no Rio de Janeiro,

São Paulo e também Brasília,

Ganharam de jeito ordeiro.

Pensaram no companheiro

Ronaldo da Cunha Lima

Que um dia lhes deu apoio

Botou seus nomes pra cima,

Patrocinando LP

Pra dar aos moços estima.

Aquele LP colima

Fama que vive aumentando

E no quinto desafio

Eles ficaram lembrando

Da primeira gravação:

“A Juventude Cantando”

6

Continuaram brilhando

Sem praticar desatino

No ano dois mil e seis

Eles mudaram o destino,

Venceram de novo a “copa”

Do repente nordestino.

Nunca trazem desafino

Cantando com liberdade,

Geram bastante interesse

Em qualquer localidade,

Falam da força do amor

Reflexo da divindade.

Do campo até a cidade

O povo escuta as canções,

Muitas bandas de forró

Já fizeram gravações,

Das letras dos cantadores

Que animam corações.

Para as novas gerações

São mestres do romantismo,

Fazem rimas com ternura

Sem demonstrar pedantismo,

Os Nonatos vão seguindo

Com paz, amor e lirismo.

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Preservando o realismo

A dupla não vive à toa,

Os poetas receberam

Homenagem muito boa

Foi título de cidadão,

Ofertado em João Pessoa.

Já na terra da garoa

A capital bandeirante,

Eles sempre fazem shows

Pra multidão importante

Dos colegas com saudade

Da Paraíba distante.

Num roteiro itinerante

Os Nonatos vão cantando

Fazendo bonitas músicas

Nos palcos apresentando,

Inesquecíveis canções

Com poesia sobrando.

Vinte anos completando

A dupla segue contente,

O povo ama os seus versos

Feitos num tom diferente

E vê sempre nos Nonatos:

Almas gêmeas do repente.

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