Algodão doce
Quem é esse moço que caminha,
com haste e pau de pita na mão,
Com lindos saquinhos rosados,
Envolvendo um doce algodão?
De longe parece uma árvore,
Apetitosas delicias à mão,
Puxo a barra da saia da mãe,
E aponto o moço do algodão.
Nem precisa dizer muita coisa,
Mamãe entende minha intenção,
Tira algumas moedas da bolsa,
E caminha ao vendedor de algodão.
Na feira meus olhos infantes,
Em tudo colocam atenção,
Vendo o pau de pita que passa,
Só enxergam o doce algodão.
Assim que vejo o dito moço,
Feliz retirando o algodão,
Mamãe lhe dando as moedas,
E eu lhe estendendo a mão.
Em punho da vareta verdinha,
Coberta da doce tentação,
Retiro o saquinho depressa,
E dou-lhe um bom beliscão.
Uma fofura de guloseima,
Grudando nos dedos da mão,
Na boca derrete-se rápido,
Meu doce e lindo algodão.
Por mais que leve à boca,
Nunca sinto-o de montão,
Derretem e somem tão fácil,
Meus lindos fios de algodão.
Em breve me vejo apenas,
Com a limpa vareta na mão,
E a boca borrada e doce,
Do açucarado algodão.