PARA NÃO TER QUE BRIGAR

Eu não puxo minha espada

Não levanto do meu toco

Pode até me dar um soco

Deixo a cama arrumada

Não sujo roupa lavada

Espero você se arrumar

Não ligo se não voltar

Eu aumento o meu pavio

Desancoro o meu navio

PARA NÃO TER QUE BRIGAR

Não pulo o seu cercado

E não corto o seu arame

Saio fora do tatame

Deixo o tempo ensolarado

Respeito o sinal fechado

Eu renego até o mar

Não demoro a me banhar

Eu moro fora do Rio

Nunca mais me pronuncio

PARA NÃO TER QUE BRIGAR

E não olho mulher nua

Ignoro o rebolado

Fico um mês trancafiado

Sem botar os pés na rua

E degusto carne crua

Eu preservo o seu pomar

Sua terra... Irei cuidar

Fecho a boca para um beijo

Abdico o meu desejo

PARA NÃO TER QUE BRIGAR

Eu como bolo solado

Bebo até café amargo

Tomo sopa de aspargo

Deixo o rádio desligado

Como até feijão queimado

Deixo a chuva me molhar

E depois me resfriar

Sofro a seca sertaneja

Renego minha cerveja

PARA NÃO TER QUE BRIGAR

Eu não vejo futebol

Nem meu filme preferido

Ando até desprevenido

Sem auxilio de farol

Vou à praia sem ter sol

Na seresta, sem dançar

No meu canto, sem ter par

Trabalho Segunda feira

E não torço pra Mangueira

PARA NÃO TER QUE BRIGAR

Não me deito em sua cama

E lhe dou minha coberta

Durmo de janela aberta

Pode usar o meu pijama

Eu recolho a minha chama

Fico sem me embriagar

Não volto naquele bar

Dou BOM DIA pra cachorro

Sofro sem pedir socorro

PARA NÃO TER QUE BRIGAR

P S ASSIS

Pietro Assis
Enviado por Pietro Assis em 08/10/2011
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