PARA NÃO TER QUE BRIGAR
Eu não puxo minha espada
Não levanto do meu toco
Pode até me dar um soco
Deixo a cama arrumada
Não sujo roupa lavada
Espero você se arrumar
Não ligo se não voltar
Eu aumento o meu pavio
Desancoro o meu navio
PARA NÃO TER QUE BRIGAR
Não pulo o seu cercado
E não corto o seu arame
Saio fora do tatame
Deixo o tempo ensolarado
Respeito o sinal fechado
Eu renego até o mar
Não demoro a me banhar
Eu moro fora do Rio
Nunca mais me pronuncio
PARA NÃO TER QUE BRIGAR
E não olho mulher nua
Ignoro o rebolado
Fico um mês trancafiado
Sem botar os pés na rua
E degusto carne crua
Eu preservo o seu pomar
Sua terra... Irei cuidar
Fecho a boca para um beijo
Abdico o meu desejo
PARA NÃO TER QUE BRIGAR
Eu como bolo solado
Bebo até café amargo
Tomo sopa de aspargo
Deixo o rádio desligado
Como até feijão queimado
Deixo a chuva me molhar
E depois me resfriar
Sofro a seca sertaneja
Renego minha cerveja
PARA NÃO TER QUE BRIGAR
Eu não vejo futebol
Nem meu filme preferido
Ando até desprevenido
Sem auxilio de farol
Vou à praia sem ter sol
Na seresta, sem dançar
No meu canto, sem ter par
Trabalho Segunda feira
E não torço pra Mangueira
PARA NÃO TER QUE BRIGAR
Não me deito em sua cama
E lhe dou minha coberta
Durmo de janela aberta
Pode usar o meu pijama
Eu recolho a minha chama
Fico sem me embriagar
Não volto naquele bar
Dou BOM DIA pra cachorro
Sofro sem pedir socorro
PARA NÃO TER QUE BRIGAR
P S ASSIS