VAVÁ COCEIRA- CORDEL

Vavá Coceira.

Guel Brasil

Nos meus tempos de menino

Eu conheci no sertão,

Uma figura interessante

Pegava touro com a mão,

Domador de burro xucro

Sem nunca cair no chão.

Nunca teve paradeiro

Tinha cisma com Maria,

Se à noite estivesse aqui

Noutro canto amanhecia,

Por não ter ido à escola

Nem seu nome escrevia.

Não teve pai e nem mãe

Pelo avô foi criado,

Tinha mania de sumir

Cinco seis dias entocado,

Seu avô sabendo disso

Não ficava preocupado.

Aprendeu ferrar cavalo

Ferrava burro, jumento,

De tudo fazia um pouco

Era de bom sentimento,

Tinha resposta pra tudo

A depender do momento.

Era calado sisudo

Nunca estava contente,

Não gostava de patrão

Nem de padre nem de crente,

Só dormia no relento

E não ficava doente.

E assim foi levando a vida

Até que se apaixonou,

Pela moça mais bonita

Que ali no sertão chegou,

Daquele dia em diante

Seu destino desandou.

Filha de doutor Ary

A mãe era dona Dalva,

Por ser um pobre coitado

Com a moça ele não falava,

Foi se definhando aos poucos

Porque o mal lhe atormentava.

A moça era Berenice

Um botão de rosa em flor,

Professora de diploma

Estudo que o pai pagou,

Vavá Coceira coitado

Nem perto dela chegou.

E quando soube que a moça

Já era comprometida,

Fez plano de ir se embora

E não ver mais sua querida,

Resolveu que era melhor

Dar cabo da própria vida.

Daquele dia em diante

Vavá Coceira sumiu,

Seu avô em desespero

A sua ausência sentiu

Pra onde será que foi?

Ninguém sabe ninguém viu.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 07/10/2011
Código do texto: T3263475
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