Paulistano Nordestino * Cordel premiado na CTN-S/P * Autor: Damião Metamorfose.
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Cordel classificado em 14º a nível nacional, no primeiro concurso do CTN de são Paulo.
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Toda criança que nasce
Aqui no interior.
Do Nordeste, sonha em ser,
Padre, engenheiro ou doutor...
Ou crescer e ir embora,
Correr esse mundo afora
E só voltar, vencedor!
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E aquele mais sonhador
Vive essa paixão intensa.
Pela capital Paulista,
Que além de linda é imensa.
Entre os seus sonhos e planos,
Quando faz dezoito anos,
Vai lá e marca a presença!
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A todos peço licença,
Pra falar dessa cidade.
A paixão dos Nordestinos
Independente da idade.
A Capital bandeirante
São Paulo, centro importante,
Para toda a humanidade!
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São Paulo da liberdade,
Da Luz, da Sé... E das raças.
Das chaminés fumegantes,
Com fuligens e fumaças.
Lagos, rios, marginais,
Terreiros e Catedrais,
Dos arranha-céus e praças...
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Iguarias, pizzas, massas...
Com um sabor bem genuíno.
São Paulo que nunca para,
Pois crescer é o seu destino.
Onde nasce o Paulistano,
De codinome Baiano
E o sotaque Nordestino!
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Idoso, moço ou menino
Nordestino, tem migrado.
Desde a década de sessenta
Isso no século passado.
Mas por seu sotaque e jeito...
Já encontrou preconceito
E ainda tem encontrado!
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O trabalho mais pesado,
A mais árdua e dura lida.
O Nordestino enfrentou
E enfrenta, pra ter guarida.
E o seu nome respeitado
Na Capital do Estado,
Longe da terra querida!
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Põe em risco a própria vida
Para ganhar o seu pão.
Seja em túneis do metrô,
Ou andaime em construção...
Ele enfrenta o precipício,
Pendurado em edifício
Há muitos metros do chão!
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Favela ou vaga em pensão...
Alguns dos tipos de lares.
Que ele mora com estranhos,
Amigo ou familiares.
-E os moradores de rua,
Exposto ao sol e a lua,
Encontra-se aos milhares!
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Almoça nos populares,
A um real a quentinha.
Padarias, restaurantes,
Casas típicas da terrinha.
Se acaso falta o dinheiro,
Unem-se e fazem ligeiro
Aquela velha vaquinha!
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As delicias da cozinha,
Que existem no Sudeste.
Muitas foram introduzidas
Por mãos de um “cabra da peste”
Que saiu num pau de arara
Com a coragem e a cara
E as levou cá do Nordeste!
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O Nordeste é inconteste
Em tudo e qualquer lugar
Se você for a São Paulo
Não demora e vai notar.
A presença Nordestina,
Que domina e predomina,
Nos trejeitos de falar!
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No folclore popular...
As festas de São João.
Que acontecem em mês Junho
E em São Paulo é tradição.
Misturam-se o colorido,
Canjica e milho cozido,
Com o vinho quente e o quentão...
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No forró, xote e baião,
No pé de serra e xaxado...
No cantador de embolada
Com bordão bem humorado.
-E o poeta repentista,
Que leva para o Paulista
O Nordeste improvisado!
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No Cordel que é editado
Com capa em xilogravura.
Vendido em casas do Norte,
Ao lado da rapadura,
Cachaça, arroz e feijão...
E o que mais for do Sertão,
Seja comida ou cultura!
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Produtos da agricultura?
É só você procurar.
Que em São Paulo eu garanto,
É fácil, fácil encontrar.
Vindo dos nove Estados
Fresquinhos, recém chegados
E baratos pra comprar!
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Comer até se fartar,
Tempero típico e caseiro.
Você encontra até
Feito em fogão com braseiro.
Com o sabor bem natural
Genuinamente igual
Ao Nordeste brasileiro!
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São Paulo já tem o cheiro
Do Nordeste impregnado.
Correndo em todas as vias
Da capital do Estado.
No vai e vem que não para,
Tem sempre um pau de arara,
Que dá ordem ou é mandado!
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Com seu ritmo acelerado,
Inverno, outono ou verão...
Em tudo se vê Nordeste
Pulsando no coração
Dessa capital vibrante,
Essa metrópole gigante
Da diversificação!
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Nós somos na construção:
O servente e o pedreiro,
O ajudante do deposito,
O fiscal e o engenheiro.
E depois do prédio pronto,
Somos no cartão de ponto,
Zelador, síndico e porteiro...
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Na cozinha: o cozinheiro,
O copeiro e o ajudante
Garçom, cumim, faxineiro,
De bar shopping ou restaurante...
Tem sempre um pernambucano,
Um cearense ou baiano...
Do chefe ao principiante!
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Na profissão de ambulante,
Nós somos o sacoleiro,
O vendedor de limões,
Crediarista, barraqueiro...
Feirante, andando ou parado
Ceasa em fruta ou pescado...
E porque não, muambeiro?
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Em hospital: o enfermeiro,
O doutor e os assistentes,
O anestesista, o vigia,
Recepcionista, atendentes...
-Se a moeda tem dois lados,
Nos hospitais mais lotados,
Também somos pacientes!
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Na época das enchentes,
Nordestino é afetado.
Principalmente aquele
Menos privilegiado.
Que mora perto dos rios
Ou nos terrenos baldios,
Em lote inapropriado!
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Na política: deputado
E o mais votado é da gente.
Vereador e prefeito,
Vice, senador, suplente...
E morando no ABC
Tem um Nordestino que
Foi um grande presidente.
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Nordestino está presente
Em tudo o que se imagina.
Nas lutas dos sindicatos,
Na fabrica, na oficina.
Trabalhando em metalúrgicas,
Montadoras, siderúrgicas,
Moto-boy, açougue, usina...
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Também se vê em ruína,
Pelas ruas da cidade.
Vitimas que viraram réus,
Cegas pela vaidade.
Ou caindo em precipícios,
Surdas e alheias aos vícios,
Entregue a promiscuidade!
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Nordestino na verdade,
Faz de São Paulo sua casa.
Seja em uma Van lotada,
Em ônibus que sempre atrasa.
Nos metrôs que vão e vem
Ou pendurados num trem,
CPTM ou FEPASA...
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O Nordestino extravasa,
O estresse do seu dia.
Vendo os artistas de rua,
De embolada ou cantoria...
Dançando “brega”, rancheira,
Samba, forró, gafieira...
-Sempre em boa companhia!
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Quando bate a nostalgia,
Da sua terra natal.
Ele procura um remédio
Para curar o seu mal.
E a melhor das prescrições,
É o Centro de tradições...
Ali na Rádio Atual!
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E quando chega o natal,
O fim de ano ou são João.
Nas festas do padroeiro...
Todo ano é tradição.
O Nordestino tirar,
Férias pra ir matar
A saudade do Sertão!
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E assim vive essa paixão,
Entre o lugar que nasceu
E a cidade de São Paulo,
Que abraçou e acolheu.
Um Nordestino assustado,
Que hoje é realizado,
Igual a você e eu!
*
Fim.